O Mundo Comunista
Contexto do seu surgimento
Assim que a Segunda Guerra Mundial teve o seu
fim em 1945, o mundo eclodiu numa série de conflitos que originou a sua
bipolarização.
Realizaram-se
conferências de paz com vista a cooperação entre os países, nomeadamente, a de
Ialta e a de Potsdam. Na primeira conseguiu-se entrar em acordo, pacificamente;
na segunda, já com alguma animosidade, encerrou sem uma solução definitiva,
acabando por consolidar alguns aspectos da anterior.
Os
países em confronto foram os que outrora se apoiaram mutuamente no segundo
conflito mundial, ou seja, os EUA, capitalista, e a URSS, comunista, contudo os
numerosos conflitos internos e, ainda, os principios ideológicos defendidos que
eram totalmente diferentes geraram um clima de confrontos indiretos e, ao mesmo
tempo, a criação de dois blocos antagónicos.
Este
bipolarismo acabaria por se consolidar entre 1945 e 1955 com as campanhas de
propaganda, que pretendiam a captação de aliados, e a com a corrida de
armamente.
O
mundo vê os ânimos a baixar aquando a morte de Estaline, em 1953, e a ascensão
de Kruchtchev, pois aqui inicia-se a fase de coexistência pacífica entre os
soviéticos e os americanos, onde se reabre o diálogo entre os blocos.
Mundo Comunista |
Conflitos localizados durante
este período
A
maioria dos conflitos que surgiram entre as duas potências foram gerados,
principalmente, para conter as ameaças um do outro, que insistiam,
continuamente, em se expandir e captar aliados. A sua hegemonia estendia-se aos
países do Leste, à qual criou uma uma área impenetrável de influência a que
Churchill, presidente inglês, denominou de “cortina de ferro”. Ao tentar que a
sua ideologia se expandisse, acabou por recorrer à violência, em alguns casos.
A Guerra da Coreia, entre 1950-1953, foi um desses exemplos.
Na
Alemanha, dividida, na Conferência de Ialta, em quatro áreas de ocupação (EUA,
URSS, França e Inglaterra), principalmente, na cidade de Berlim, surgiu um dos
primeiros conflitos localizados, isto é, o Bloqueio de Berlim, pela União
Soviética, entre 1948-1949, que não permitia o abastecimento da cidade pela via
terrestre, bloqueando todas as vias que conduziam a ela. Os ingleses acabam por
abastecer-la por via aérea. Mais tarde, em 1961, surge uma segunda crise na
cidade, que obriga a construção de um muro, pois a Alemanha estava agora
dividida em duas nações, a RDA -república democrática da Alemanha- e a RFA
–república federal da Alemanha-, criando um ponto de passagem dos cidadãos da
RDA para o lado Ocidental. Estas deserções afectavam gravemente a economia,
levando à construção do muro, que envolvia todo o território de Berlim
Ocidental. Esta divisão da cidade concretizava a divisão do país e do mundo em
dois blocos antagónicos.
Em
Cuba, considerada o bastião comunista da União Soviética, surgiu um conflito
que colocou o mundo num sobressalto, em 1962, com a Crise dos Mísseis de Cuba,
aquando o período da coexistência pacífica.
A
revolução cubana, em 1959, sem influência comunista, surgiu num período em que
o país se encontrava sob o poder de um ditador, afecto aos EUA, que se tornava
necessário destituir. Assim, a revolução democrática foi levada cabo por Fidel
Castro e Che Guevera contra Fulgência Baptista, acabando com a ditadura.
"Cortina de Ferro" |
Muro de Berlim 1961 |
Base dos Mísseis de Cuba |
Áreas de expansão comunista:
A
União Soviética expandiu-se por quatro áreas principais, sendo estas a Europa
do Leste (conceito de “cortina de ferro”, de Churchill), Ásia, África e América
Latina.
Este
desencadear de expansões somente tornou-se possível graças ao processo de descolonização
da ONU e ao reforço militar soviético, que levou à implantação de regimes
comunistas de modelo soviético. Deste modo, a URSS saiu do isolamento em que se
encontrava desde Outubro de 1917.
Na
Europa, sucedeu-se a primeira vaga de extensão do comunismo, sob pressão
directa da URSS , e os novos países designaram-se de democracias populares,
onde se exercia um regime monopartidarista, e à semelhança do modelo soviético,
adopta a ideologia comunista em todos os sectores da sociedade, exercendo de forma
absoluta.Como a esmagadora maioria é a população, esta exerce o poder e a gestão do Estado pertence às classes trabalhadoras.
A
URSS, reforçou os laços criados entre os novos países aliados, constituindo, em
1955, o Pacto de Varsóvia, totalmente oposto à NATO. Este pacto era uma aliança
militar que previa a reacção conjunta a qualquer agressão que pudesse surgir.
“Art. 4º .
Em
caso de agressão armada na Europa contra um ou vários dos estados signatários
do Tratado […] cada Estado signatário do Tratado, exercendo o seu direito à
autodefesa individual ou colectiva de acordo com o artigo 51 da Carta da
Organização das Nações Unidas, concederá ao Estado ou estados vítimas de uma
tal agressão assistência imediata […]”
Pacto de Varsóvia, 14 de Maio de 1955
Ao não permitir desvios, recorria à violência,
contendo a agitação social, como o caso da Hungria, em 1956, e a Checoslováquia,
em 1968, que obrigou à intervenção dos militares do Pacto de Varsóvia a
reprimir os levantamentos sociais contra o poder soviético.
Na
Ásia, foi necessário recorrer à violência para se implantar o modelo soviético
neste continente. No entanto, só a Coreia, teve essa necessidade,
desenrolando-se uma autêntica Guerra Civil, que durou três anos (1950-1953),
entre o norte comunista, república popular da Coreia, e o sul capitalista,
república popular da Coreia. O objectivo era unificar o país tornando-o
soviético. Contudo, o seu fim não chegou a uni-lo.
Nos
restantes países do continente, o triunfo do modelo soviético sucedeu graças
aos movimentos revolucionários motivados pela URSS. Como o caso da China de Mao
Tsé-Tung, em que este, em 1949, proclama a instauração da República Popular.
Todavia, acaba por afastar-se por de Nikita Kruchtchev, após a morte de
Estaline, pelo motivo deste se distanciar da sua ideologia.
Na
América Latina, o ponto fulcral da expansão e, também, o bastião, foi, como
referido anteriormente, Cuba, onde um grupo de revolucionários actua sob o
comando de Fidel Castro e Che Guevara, aqueles que livraram os cubanos da
ditadura.
Em
1962, a influência da URSS confirma-se quando aviões americanos detectam,
através de fotografias aéreas, a construção de um base de mísseis russos de
médio alcance, cujo alvo era território americano.
Kennedy ordena a retirada a imediata dos mísseis, colocando o mundo com
receio de um grande conflito entre as superpotências. Kruchtchev, de visita aos
EUA, acaba por retirá-los com a certeza de que o presidente americano não
entraria em Cuba, investindo na instituição do capitalismo. Este país latino acabaria
por desempenhar um papel importante na proliferação do comunismo.
Na África,
a segunda vaga de descolonizações tornou-se um factor importante para a
implantação do modelo soviético nesta área, graças ao apoio da URSS aos
movimentos de libertação.
Europa do Leste |
Coreia do Norte |
Mao Tsé-Tung |
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