domingo, 15 de abril de 2012

As mutações sociopolíticas e o novo modelo económico


    As mutações sociopolíticas e o novo modelo económico

1 – Mutações sociopolíticas

A crise do Estado-Nação

Para compreendermos o conceito de Estado – Nação devemos primeiro analisar as definições de Estado e de Nação. Uma boa definição de Estado é a dada por Aristóteles (filosofo grego do século IV a.C.) quando este apresenta como elementos fundamentais para a existência de uma polis *: um território (espaço geograficamente identificado por fronteiras estáveis), um corpo cívico (população que habita esse espaço) e um conjunto de leis (organização político-administrativa do território e do corpo cívico). Quanto à noção de Nação entende-se como uma população com a mesma origem que se fixou num determinado espaço e que, com o passar do tempo, foi consolidando um conjunto de características e interesses comuns formando assim uma etnia.
  
Dados estes dois conceitos, agora é mais fácil compreender que Estado-Nação se entende por um território onde coabita uma nação politicamente organizada.
O Estado-Nação apresenta-se como uma das principais heranças do liberalismo do século XIX e segundo este a um Estado deve corresponder uma Nação**. Esta ideia começou a manifestar-se logo no século XIX (por exemplo com a independência das colonias ibéricas da América Latina), mais tarde, no final da 1ª Guerra Mundial (1918), já alimentada pela defesa do direito de autodeterminação dos povos, manifesta-se no desmembramento dos impérios autoritários europeus *** que deram origem a novos estados. Outras situações foram por exemplo, as duas vagas de descolonização que se processaram nos anos 50 e 60. E após o fim da Guerra Fria com o desmembramento da URSS (1991) muitos Estados surgem na Europa oriental e balcânica assim como na Asia central e no Cáucaso. Com isto é possível afirmar que os Estados – Nação alcançam uma expansão planetária e tornam-se importantes elementos da ordem política internacional.

 Contudo, nos finais do século XX é possível verificar uma crise do Estado-Nação devido em parte a dois factores:

1º -A nível interno, a eclosão de conflitos étnicos e de nacionalismos separatistas em alguns Estados que se apresentam como um obstáculo à formação de uma identidade nacional ao mesmo tempo que deterioram a autoridade do Estado central.

2 º - A nível externo, o fenómeno da globalização contribui para “um mundo cada vez mais mundializado” , ou seja, para o encurtamento de distancias, para o aumento e aceleração da comunicação, da circulação de capitais, mercadorias e pessoas. Resumindo, para um mundo sem fronteiras. É neste contexto que aumenta a tomada de consciência de que a resposta dada pelo Estado-Nação a problemas transnacionais como, por exemplo, os problemas ambientais ou a questão da segurança, eram insuficientes, visto que estes problemas não podiam só ser resolvidos no quadro do Estado-Nação. Assim, as autoridades supra e transnacionais, como a União Europeia, a ONU, a UNICEF, entre outras… ganham uma progressiva importância. Com isto, o papel do Estado-Nação sai enfraquecido, pois a imposição das leis destas instituições ofuscam o poder dos Estados, que veem assim as suas funções reduzidas.

A explosão das realidades étnicas

Nas últimas décadas do século XX, tal como este título refere verificou-se uma “explosão das realidades étnicas” o que gerou inúmeros conflitos que assolaram e ainda assolam o Mundo, nem mesmo o velho continente Europeu é poupado. Os principais motivos destes confrontos que eclodiram (na sua maioria) dentro de vários Estados foram:

- Por motivos predominantemente de origem religiosa que podemos ver no caso:

     - Do conflito entre protestantes e católicos, na Irlanda do Norte. Para encontrar as raízes deste conflito teremos de recuar até ao século XII, a partir do qual na Irlanda**** se começaram a erguer constantes rebeliões contra o domínio britânico, estas rebeliões culminaram em 1916 com uma insurreição na semana da Pascoa (ficando esta conhecida por “ Easter uprising”). Este levantamento desencadeou uma cadeia de eventos que esteve na origem da divisão da ilha em duas facções, uma a sul que formou um Estado (Estado livre da Irlanda (1921)) e outra a norte que decidiu continuar a fazer parte do Reino Unido (Irlanda do Norte). Nas décadas seguintes, a minoria católica, na Irlanda do Norte (onde a maioria era protestante, ao contrario do Estado Livre da Irlanda, onde a maioria era católica) era alvo de descriminação quer no acesso ao emprego quer no acesso a alojamento, isto por sua vez acabou por acender a rivalidade entre católicos e protestantes, que vai estar na origem dos inúmeros confrontos. Um dos episódios mais marcantes deu-se a 30 de Janeiro de 1972, o "domingo sangrento" na Irlanda do Norte, em que as tropas britânicas dispararam sobre 13 manifestantes (católicos) pacíficos.

(Musica: Sunday Bloody sunday - U2)

Para mais informação sobre o assunto visite: BBC



Na imagem dois soldados do exercito do governo de Sri Lanka
      - Ou dos conflitos entre a maioria cingalesa (budista) e a comunidade tâmil (hindu) no Sri Lanka. A tensão étnica entre estas duas comunidades fez-se sentir desde que a ilha saiu do domínio britânico (1948). Os cingaleses ressentidos do favoritismo atribuído pelos ingleses à comunidade tâmil tomaram um conjunto de decisões- nomeadamente, a retirada dos privilégios que os trabalhadores das plantações tâmil beneficiavam; tornaram o budismo a principal religião nacional assim como mudaram o nome do país (passando de Ceilão para Sri Lanka) - que funcionaram como um rastilho que levou à guerra civil, que opôs- e ainda opõe - o LTTE – organização terrorista - (facção tâmil), que defende o direito desta comunidade a um Estado próprio e independente que se deveria situar a na região Norte e Este da ilha, ao Governo de Sri Lanka (facção cingalesa).    

Para informações mais detalhadas sobre o assunto visite: CFR.org

- Por motivos mais conotados com a defesa de uma identidade nacional, são inúmeros os exemplos, dos quais se podem destacar:

·         O caso das tensões étnicas na região do Cáucaso


Conflitos no Cáucaso que tiveram inicio nos anos 80 

Dos vários conflitos e tensões étnicas que podemos observar no mapa, destaco:
  • TchetchéniaApós a queda da URSS (1991), os tchetchenos exigiram à Rússia a sua independência. Esta luta pela independência marcada pelos seus atentados terroristas levados a cabo pelos separatistas tchetchenos, ainda duram até aos nossos dias
         Estas imagens demonstram destruição causada pela intervenção do exercito russo na Tchetchénia, com o objectivo de por um fim à questão da independência. 

  •  Ossétia do Sul - O conflito entre a Geórgia e a Ossétia do Sul começou ainda antes da independência da Geórgia face à URSS. Em 1989, a Ossétia do Sul declara a sua autonomia da Republica Socialista Soviética da Geórgia, o que dá inicio ao primeiro conflito que durou 3 meses e a uma luta pela independência que ainda não tem fim à vista. *****


·         Outros casos:

membros do grupo terrorista ETA
  • A Espanha, não escapa a esta onda de tensões separatistas, exemplo disso é o separatismo basco conduzido pela ETA (Euskadi Ta Askatasuna, significa em português Pátria Basca e Liberdade) um grupo terrorista que luta pela independência do país basco. A isto ainda se juntam a forte defesa de autonomia por parte de catalães e galegos, que coloca em causa a identidade nacional espanhola.

  •  No Sudeste Asiático aparece-nos o caso de Timor Lorosae, que após ter adquirido a independência de Portugal em julho de 1975, e depois de uma situação de guerra civil, foi invadida pela Indonésia a 7 de Dezembro de 1975. Tendo como objetivo dominar por completo o território timorense a Indonésia tentou ver-se livre da resistência, isto resultou em vários massacres da população timorense ( cerca de 200 000 vitimas). Contudo, no terreno a guerrilha não se rendeu e apesar dos seus meios reduzidos conseguiram em 2002 emancipar-se da Indonésia.

  • Muitos outros conflitos poderiam ser referidos como por exemplo: o caso do Tibete relativamente à China; a luta pela libertação do Leste da Turquia do domínio de Ancara; o separatismo corso (ilha da Córsega) em relação à França; os conflitos no território da ex-Jugoslávia …

Características comuns a destacar dos conflitos étnicos:

 - Estes conflitos, ao contrário dos do período da Guerra Fria (1947-89/91), são na sua maioria intraestáticos (dentro de um Estado e não entre Estados).

  - O genocídio apresenta-se como uma marca destes conflitos étnicos. Este texto que se segue apresenta um exemplo destes genocídios. Este passa-se no Ruanda e relata um episódio do conflito entre a maioria hutu e a minoria tutsis.


- um dos resultados destes conflictos em norma é o numero de refugiados.

Campo de refugiados no Paquistão



As Questões transnacionais

Abordado o primeiro factor causador desta “ crise do Estado-Nação”, partimos agora para o segundo. Para contextualizar este tema transcrevo a seguinte passagem :

“ [Num Mundo onde] De repente, a empresa onde trabalhamos pode ser deslocada para outro país, uma maré negra, provocada por um naufrágio de um petroleiro em águas que não as nossas pode por em causa (…) a nossa alimentação, a nossa qualidade de vida… Uma comunidade de imigrantes instalada perto de [nossa casa] pode causar-nos perplexidade… Aqueles benefícios fiscais, que o governo anunciava por em pratica, podem, de súbito, ver-se anuladas por um qualquer acordo internacional de convergência económica (…) Podemos, ainda, numa vulgar saída à rua, ser vitimas de um sequestro por parte de uma qualquer rede terrorista [nacional ou transfronteiras] (…) “ in O Tempo da História - História A 12º ano; Couto, Célia; Rosas, Maria; Porto Editora

Conseguimos, com isto claramente entender que nos encontramos num mundo onde as distâncias foram e continuam a ser encurtadas, onde as fronteiras (quase) desapareceram, onde entre os diversos Estados à escala mundial existem mais e mais fortes laços de interdependência. É fácil assim compreender que neste mundo existam questões que sejam transversais a várias (e em alguns casos a todas) nações como:

- O ambiente

- As migrações

- A segurança
  
Simbolo da ONU,
esta um exemplo de  uma organização supranacional
 E que devido à ineficácia das medidas tomadas apenas pelo Estado-Nação ( se são questões transnacionais, as decisões isoladas de um Estado serão insuficientes e ineficazes) existam organizações supra ou transnacionais ( como a ONU, a EU) cujas decisões em determinados pontos se sobrepõe às decisões do Estado-Nação, de forma a conseguir uma acção unificada dos Estados que as compõe, visando assim fazer frente, de forma eficaz a estas questões.


O Ambiente

Na década de 60, os atentados ambientais como por exemplo: os acidentes nas centrais nucleares ******, contaminações químicas mortais, a poluição… chamaram a  atenção da comunidade cientifica para os riscos ambientais que o desenvolvimento tecnológico tinha provocado.

Neste sentido surgem nesta altura um conjunto de organizações que procuravam chamar a atenção da população mundial para os problemas que afectavam o ambiente e a necessidade de protege-lo entre estas destaca-se a Greenpeace.
Surge assim uma consciência ecológica que se vai desenvolver nas décadas seguintes até aos nossos dias.

A questão do ambiente, ou melhor, o ambientalismo ganha grandes proporções e torna-se um assunto incontornável a nível internacional. Esta importância manifestou-se de uma forma expressiva :

·         Surgem, na cena politica, os “Verdes”, ou seja, partidos políticos que têm como um dos seus principais objectivos a preservação do ambiente.

  “ Somos solidários com todos os que intervêm em defesa do planeta e activamente se envolvem na construção de uma democracia participativa e de uma sociedade ecologicamente equilibrada: gente que age em defesa da Vida, da Paz, da Natureza e do Ambiente.” in osverdes.pt
(linha orientadora do partido ecológico “Os Verdes” português)

·         São organizadas várias conferências e cimeiras internacionais:

Em  1979 - A primeira conferência mundial acerca do tema, toma lugar em Genebra (Suíça) e tinha como objectivo alertar a comunidade internacional para os efeitos da mudança climática.

Em 1988 -  Organiza-se a “Toronto Conference on the Changing Atmosphere”, conferencia que reúne vários governos e cientistas a nível mundial. Nesta, os governos do países presentes comprometeram-se a reduzir em 20 %, até 2005, as emissões de CO2.

 Em 1992 – A Cimeira da Terra, que teve lugar no Rio de Janeiro ( Brasil), que contou com a presença de 117 chefes de Estado, teve como objectivos conciliar o desenvolvimento económico com a protecção do ambiente. Por outras palavras, defendeu um desenvolvimento sustentável, de forma a não comprometer os recursos naturais nem o ambiente.
Como podemos verificar
por este gráfico os EUA
 apresentam-se país mais poluidor a nível mundial

(…)

Em 1997 – Decorre a conferencia mais famosa relativa a este assunto, a conferência de Quioto, no Japão. Desta sai o Protocolo de Quioto, que aplicando-se a todos os países industrializados previa a redução das emissões dos gases com efeito de estufa em 5 % até 2012. (Contudo, os EUA, o Estado mais poluidor a nível mundial recusou-se a ratificar o protocolo)

Como podemos verificar os objectivos não foram atingidos






































Problemas ambientais

Sem delongas, referirei alguns problemas que têm vindo a afectar o Mundo e a captar a atenção da comunidade internacional.

Aquecimento Global

Um dos assuntos mais discutidos e que tem sido alvo de grande atenção quer por parte da comunidade científica quer por parte dos media, etc… O aquecimento global é um problema que é do conhecimento de todos. Este é provocado pelos elevados níveis de concentração de CO2 na atmosfera que aumentam a intensidade do “efeito de estufa”, processo responsável pelo aumento da temperatura média da Terra. Isto tudo tem por base factores como:

 O aumento populacional - a população mundial mais que duplicou na segunda metade do seculo XX, sendo em 1950 2,5 mil milhões, em 2000 atingia já os 6 mil milhões. Ora o aumento populacional originou um aumento de consumo, esse aumento de consumo levou claramente a um aumento da poluição

A proliferação dos automóveis – o número de automóveis e outros veículos motorizados aumenta vertiginosamente atingindo os 800 milhões no final do século XX. (dados do site da organização de estudos ibero-americanos)

Para sintetizar o que foi dito acima:



Desflorestação

A desflorestação tema muito debatido da actualidade. Causa directa do aumento populacional, este é o principal factor que está por detrás de catástrofes naturais como as cheias, ou de problemas como a degradação dos solos e a destruição de ecossistemas.
E como uma imagem vale mais que mil palavras, deixo aqui (mais do que uma) um excerto do documentário “The 11th hour “ que aborda este tema:



Destruição da camada de Ozono

A camada de Ozono é uma parte constituinte da atmosfera que nos protege da radiação ultravioleta. Esta radiação extremamente nociva para o ser humano é responsável por doenças como por exemplo o cancro de pele. Face ao progressivo desgaste da camada de ozono causado pelas emissões químicas de CFC ( clorofluorcarbonetos) que são usados nos sprays, frigoríficos, etc… As probabilidades de captarmos esse tipo de cancro aumenta.


Zona preta é onde se situa o buraco de ozono

                                        

As migrações

As migrações são tal como o ambiente é uma questão transnacional que marcou a mudança do milénio, uma prova disso é o facto de no ano de 2000 cerca de 150 milhões de pessoas estavam a viver num país que não era o seu de origem.


Motivos das migrações

As causas destas migrações prendem-se:

- Com as razões tradicionais de origem económico-demográfica, razões que estiveram na origem dos grandes movimentos migratórios dos finais do seculo XIX 7*. Quando o local onde uma população vive lhe deixa de fornecer as condições necessárias para a sua sobrevivência, quer devido à escassez de recursos naturais e económicos (motivos económicos), quer devido ao excesso populacional ( motivos demográficos), esta vê-se forçada a procurar melhores condições de vida noutros locais/países. Podemos resumir isto a dois pontos fundamentais: fuga à pobreza e a busca de uma melhor qualidade de vida.

- Com razões políticas, os conflictos étnicos, que já foram abordados acima, e outros conflictos, em alguns casos de dimensão internacional como o caso da Guerra do Golfo (1991), são responsáveis pelo elevado número de refugiados e deslocados que saem dos seus países devido ao clima de guerra e de insegurança que aí se vive.

Os fluxos migratórios

No Hemisfério Norte afirma-se como principais destinos dos emigrantes: Os Estados Unidos da América e o Canadá, a Europa Ocidental e o Japão.
No Hemisfério Sul os países de acolhimento de emigrantes são: Os países do Golfo, a Argentina, a Austrália, o Brasil e a Africa do Sul.

Podemos verificar isto neste mapa:



Os efeitos das migrações

As migrações dos finais do seculo XX e dos inícios do seculo XXI, ao contrario das grandes migrações do século XIX que eram vistas de forma positiva pelos países de acolhimento, apresentavam-se como um problema complexo para os países de acolhimento.

Este problema manifestou-se em diversas vertentes:

- A nível demográfico e económico, ao contrário do final do seculo XIX, os países de acolhimento já se encontram a braços com problemas económicos e com o excesso populacional, desta forma os imigrantes deparam-se com dificuldades no que respeita à entrada no mercado de trabalho, o que muitas vezes acaba por frustrar o sonho de melhor qualidade de vida.

- Através da xenofobia, que aparece principalmente em países de acolhimento que já se deparam com problemas como o desemprego e dificuldades económicas 8*. A população nacional passa a enfrentar os imigrantes como concorrentes, por exemplo, a nível do mercado de trabalho.

Como exemplo disto podemos apresentar o exemplo das eleições presidenciais de 2002 na França pois foram reacções xenófobas que levaram Jean-Marie Le Pen (candidato da Frente Nacional – extrema direita) à segunda volta.

- Outro factor que ajuda a criar um contexto de certa hostilidade aos imigrantes é o facto da população nativa os ver como:

      - Ameaças à coesão nacional, pois temem que estes venham a formar fortes minorias étnicas

     - Portadores de doenças originarias dos países de onde chegam.

Apesar deste clima de hostilidade face aos imigrantes têm sido levados a cabo medidas para combater este clima e para promover a interculturalidade.

- A nível da comunidade europeia podemos referir o cambio de estudantes de ensino secundário ( projecto Sócrates) e do ensino superior ( projecto Erasmus)

- A nível intercontinental, temos o exemplo dos observatórios culturais que servem para fornecer informação aos governos sobre os diferentes países à volta do mundo, da cultura destes, etc… de forma a facilitar a acção dos países de acolhimento a aplicar politicas de protecção dos imigrantes e à implementação de programas de promoção da interculturalidade, com o objectivo de promover a aceitação das diferenças e assim facilitar a integração dos imigrantes.




A segurança

Com o fim da Guerra Fria e da constante ameaça nuclear, o mundo viu-se a braços com outras ameaças que fazem com que a insegurança continue a pairar…
Atentado de 11 de Setembro ao World Trade Center

A principal ameaça deste Mundo pós-Guerra Fria é o terrorismo, este ganha a 11 de Setembro de 2001 uma magnitude que o tornou um tema incontornável do mundo actual. Ora bem, esta famosa data marca o dia dos atentados terroristas reivindicados por Al Qaeda 9* (rede terrorista islâmica) ao World Trade Center (Nova Iorque), o coração económico dos EUA, e ao Pentágono (Washington), o centro político-militar extremamente importante para os EUA.





Como já vimos quando falamos dos conflictos étnicos o terrorismo não é nenhuma novidade do século XXI, este surge por volta do terceiro quartel do século XX, acentuando-se nas décadas seguintes, devido ao surgimento dos nacionalismo e dos separatismos que levaram a conflitos étnicos e por outro lado, ao ressurgimento do fundamentalismo religioso.   


O terrorismo é uma ameaça que está presente em quase todos os continentes:
Doku Umarov
lider do grupo terrorista Tchetcheno

- Na Europa podemos encontrar o terrorismo basco ( ETA), o terrorismo tchetcheno ( “Emirado do Cáucaso”), o terrorismo albanês (AKSH - Armata Kombëtare Shqiptare, em português, Exército Nacional Albanês )…

 



Osama Bin Laden ex-lider do grupo terrorista
Al Qaeda ( capturado e morto em 2011 pelos EUA)




- Na Asia situam-se organizações terroristas no Sri Lanka ( LTTE – Tigres de Libertação de Tamil Eelam), na Indonésia e nas Filipinas (a “Jemaah Islamiah”, em português “ Conferencia Islâmica”), na Palestina ( por exemplo o Hamas), no Afeganistão (a Al Qaeda)

 


membros das FARC



- Na América Latina, a Colômbia vê-se confrontada com actos terroristas por parte das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), por sua vez o Peru encontra no seu território sediado o grupo terrorista Sendero Luminoso.

 



Imam Abubakar Shekau
Lider do grupo terrorista Boko Haram




- Da Africa chega-nos o exemplo da Nigéria que ainda nos dias de hoje continua a ser pelo grupo terrorista e fundamentalista islâmico "Boko haram", a Argélia por exemplo é alvo de ataques terrorista do grupo  mujahedin, um braço da rede terrorista Al Qaeda.

 

 



Como podemos ver o terrorismo é um fenómeno que atingiu uma proporção global, e as inúmeras redes que existem espalhadas pelo mundo trocam entre si informações, dinheiro, armamento, técnicas e até mesmo pessoal. Estas relações tornam a tarefa de combater o terrorismo bastante complicada.

 

Mas não é só o terrorismo que contribui para a insegurança, mas também as facilidades de comunicação e a proliferação incontrolada de armas de destruição maciça como as armas nucleares, químicas e bacteriológicas. Por outro lado, os mercados de armas que se encontram fora do controlo dos Estados servem de abastecimento para as redes terroristas.   


  


2- Mutações Económicas

Afirmação do neoliberalismo e globalização

Á entrada nos anos 80, a imagem do mundo ocidental que vivenciava um período de prosperidade económica (“Os Trinta Gloriosos”) tinha desaparecido. O período de prosperidade conhece um abrupto fim em 1973. A média do crescimento do  PIB dos países industrializados verifica um decréscimo de 5,5% (período de 1962-73) para 2,2 % (no período de 1974-82/ sendo que nos anos de 1975 e 82 o crescimento foi nulo).
A crise afectou principalmente os sectores da siderurgia, da construção naval, o sector automóvel e têxtil. Neste sentido, muitas empresas fecharam, consequentemente, o desemprego verifica um aumento bastante acentuado.

Face à baixa produtividade a inflação aumenta em flecha e a situação económica que se vivia nesta altura passa a designar-se de estagflação, este fenómeno inédito pretendia descrever a situação de estagnação da produção industrial e do aumento da inflação, esta situação era provocada pelos choques petrolíferos, na medida em que estes aumentavam o preço do petróleo, que por sua vez fez crescer o custo da produção de produtos industriais e, logicamente, levou ao aumento do custo destes produtos, que está na base da inflação crescente e da estagnação da produção industrial.

Face a esta situação de que aparentemente não havia saída, o Estado-Providência que se havia afirmado durante o período de prosperidade económica, estava agora a ser posto em causa.

As causas da crise do Estado-Providência são fáceis de compreender, o caracter social do Estado acarretava elevadas despesas económicas e em contrapartida as receitas do sistema de segurança social eram diminutas, devido:

- Ao aumento da esperança média de vida e a diminuição da natalidade, que conduz a um aumento das despesas com a terceira idade, pois se os reformados vivem mais anos o Estado tem de os sustentar por um tempo mais longo.

- À modernização dos serviços, que eliminou vários postos de trabalho aumentando o desemprego, que por sua vez gera uma redução da população contribuinte. A parte da população que fica sem emprego e vê, assim, as suas condições de vida deteriorarem-se e desta forma são obrigados a recorrer aos financiamentos do Estado (aumento das despesas do Estado).

- Face à inflacção crescente o Estado vê-se forçado a aumentar os salários dos servidores do Estado.

A afirmação do neoliberalismo

Nos anos 80 surge uma doutrina económica que, face à ineficácia das propostas do keynesianismo (protecção social e intervencionismo estatal na economia) , se comprometia a reerguer o capitalismo, esta doutrina designou-se de neoliberalismo

O neoliberalismo, que teve como precursores Margaret Thatcher ( primeira-ministra britânica desde 1979 a 1991) e o presidente americano Ronald Reagan ( 1980-1988), defendia:

Margaret Thatcher
- Uma progressiva diminuição da intervenção do Estado na economia valorizando a iniciativa privada

- A defesa da privatização dos serviços públicos

- Um controlo rigoroso das despesas públicas, para tal levam a cabo medidas como a redução do número de funcionários públicos, a redução dos salários e o condicionamento das despesas sociais.

- A promoção da livre iniciativa e da livre concorrência

- Medidas que facilitassem a contratação e despedimento da mão-de-obra, dando uma maior margem de manobra aos empresários.

Ronald Reagan
- A implementação de medidas que visavam a estimulação do emprego no sector privado, assim como medidas que tinham como objectivo reduzir a inflação, através do controlo dos salários e de uma limitação das emissões monetárias.

- Um forte investimento no sector da tecnologia (principalmente na cibernética, na informática e na electrónica)
            
- Por fim, defendia-se uma redução dos entraves alfandegários.

Como podemos ver o neoliberalismo reflecte um Mundo que corre no sentido da globalização da economia.   



Resultados das politicas neoliberais na economia das grande potências mundiais


Como podemos verificar a partir da década de 80 verificamos
que a nível geral a inflação decresce e como podemos verificar
no caso dos EUA e do Reino Unido existe uma recuperação a nível
dos valores do PIB comparativamente com o período de 74-80
































Como podemos verificar através deste gráfico observamos um
aumento da taxa de lucro da economia dos EUA




































A Globalização da Economia

A constituição de um mercado global

A globalização da economia é um resultado das medidas levadas a cabo no pós-2ªGuerra Mundial (1945) que visavam a criação de uma nova ordem económica e financeira.
Uma das medidas para atingir esse objectivo era a cooperação económica internacional e para tal era necessário combater os nacionalismos económicos e promover uma abertura comercial. Neste sentido criam-se órgãos económicos como o GATT ( criado em 1947) que tinha como objectivo abolir os entraves ao livre comercio. 


Neste gráfico manifesta-se o sucesso do GATT 






Em 1991, o GATT evolui para OMC (Organização Mundial do Comercial) manifesta-se assim a confirmação de um comércio à escala mundial.  Esta globalização da economia só se tornou possível graças ao desenvolvimento das TIC ( tecnologias de informação e de comunicação) e dos meios de transporte, que permitiu as grandes unidades industriais ultrapassarem as barreiras continentais e dispersarem-se pelo Mundo, surge assim o “(…)tempo da afirmação das empresas transnacionais que transformaram o mundo num mercado único.” Esta é a época em que o capitalismo atinge o seu auge.

Este mapa espelha claramente a concretização de uma economia globalizada e de intenso comercio mundial






Conclusão

O fim do século XX e o inicio do século XXI a Humanidade entra numa nova era. Na qual se vê a braços com vários desafios, as disputas etnicas, os nacionalismos separatistas e o terrorismo que surgem após o fim da Guerra Fria, apresentam-se como as novas ameaças à segurança internacional . Não são só os seres humanos que enfrentam desafios, elementos estruturantes quer da organização politica internacional, como é o caso do Estado-Nação, quer do sistema económico, o caso do Estado-Providência, enfrentam inúmeros obstáculos e são mesmo postos em causa. Sendo, no caso do ultimo exemplo, ultrapassado.


Notas:

* cidade autónoma onde o poder era exercido pelos cidadãos livres

** Contudo, e contrariando esta ideia, a verdade é que um pode existir sem o outro, ainda que se possa afirmar que isso gere uma realidade sociopolítica incompleta e instável. Exemplo disso são, os Estados plurinacionais, ou seja, dentro de um estado coabitam várias nações, entre as quais uma delas se afirma como hegemónica. Outro exemplo são as nações pluriestatais, por exemplo uma nação que esta espalhada por vários Estados

***  Refere-se aos impérios autoritários europeus: O Império Austro-Hungaro, o Império Otomano e o Império Alemão

**** - Neste período a Irlanda encontrava-se sobre o domínio inglês 

***** Este clima instável entre estes dois prolongou-se até 2008, não tendo ainda um fim concreto em vista, contudo estes territórios conseguiram um reconhecimento parcial da sua autonomia ( Ossétia 5 países e Abacasia 6 países – Inclui a Rússia)


******pode-se destacar: o acidente de Mayak ( URSS) (1957); o acidente no reactor nuclear  Windscale no Reino Unido (1957) e por fim em 1961 no Idaho ( EUA) uma explosão num reactor nuclear


7* - Para mais informações : Infopédia


8 * - Nesta altura estes países passavam por uma grave crise económica que é abordada neste trabalho, no capitulo das mutações económicas.


9 * - Rede terrorista afegã criada em 1987 por Osama Bin Laden. Desde 1988 que esta rede terrorista tem como alvo os EUA 




Conceitos:


Globalização -  organização à escala mundial da produção e da comercialização de bens e serviços, como se o mundo constituísse um enorme mercado comum.


 Ambientalismo - Conjunto de teorias e praticas que visam a preservação do meio ambiente


interculturalidade -  Processo de relações reciprocas que se estabelecem entre distintas, que se procuram conhecer, compreender e partilhar pontos de vista e experiências.


 Terrorismo - Conjunto de actos violentos e intimidatórios contra pessoas, populações, bens materiais e governos a fim de obter mudanças politicas, sociais, religiosas. O terrorismo é perpetrado por individuos isolados ou organizados.


Neoliberalismo - Adaptação do liberalismo económico do século XIX pelo capitalismo anos 80 do século XX . Criticando a intervenção a intervenção do Estado na vida económica e social, o neoliberalismo defende o respeito pelo livre jogo da oferta e da procura .




Webgrafia:


BBC / BBC (2)

CFR.org

- Infopédia - (1) e (2)

- The Telegraph

- Osverdes.pt

- University of New Mexico

- Greenpeace

- Organização de Estudos Ibéro-americanos

- Radio Renascença

- Deutsche Welle

Bibliografia:


O Tempo da História - História A 12º ano - parte 2 e 3; Couto, Célia; Rosas, Maria; Porto Editora


Preparação para exames 2006; Porto editora


Sociologia em acção - Sociologia- 12º ano; Pombo, António; César, Filipa; Lopes, João; Alves, Maria ; Porto Editora




                                                                                 Trabalho realizado por: Tiago Conceição nº 25


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