quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Fascismo Italiano


O Fascismo Italiano
            

O Fasci sobre a bandeira italiana
               O Fascismo foi um sistema político autoritário de carácter totalitário e repressivo instaurado por Benito Mussolini, na Itália, em 1922. Defendia o Nacionalismo, Culto do Chefe, o Militarismo, Censura e o Imperialismo. Foi, até certo ponto, o produto de uma geral ansiedade e medo entre a classe média da Itália no pós-guerra. Este medo surgiu de uma convergência de pressões económicas, políticas e culturais inter-relacionadas. Debaixo de uma ideologia autoritária e nacionalista, Mussolini consegui explorar os medos de sobrevivência do capitalismo num tempo em que a depressão do pós-guerra, a ascensão de uma esquerda militante e um sentimento de vergonha nacional e humilhação devido à “vitória mutilada” da Itália na Primeira Guerra Mundial. Aspirações nacionalistas mancharam a reputação do liberalismo e constitucionalismo dentre vários sectores da população italiana. Cumpria o seu papel como se fossem necessárias qualidades sobre-humanas para ser Chefe. O Fascismo Apresenta várias características em comum com outros regimes fascistas como o Nazismo, na Alemanha, e o Estado Novo, em Portugal.


Um pouco acerca de Benito Mussolini

Benito Amilcare Andrea Mussolini, nascido a 29 de Julho de 1883 e morto a 28 de Aril de 1945 foi o 40º Primeiro-ministro da Itália.
Filho de um ferreiro, que deu o nome ao seu filho como homenagem ao revolucionário mexicano do século XIX Benito Juarez, Benito Mussolini era um rapaz inteligente, tocador de violino e ávido leitor nos seus dias de juventude. Foi afectado pela pobreza, o que causou uma certa inveja aos ricos, quando mais jovem. Foi editor de um jornal do Partido Socialista. Foi enviado para a frente de batalha da Primeira Guerra Mundial em Fevereiro de 1917. Seis meses depois, lesionou-se num treino de granadeiro, o que causou a sua hospitalização. Culpou o desfecho italiano da Guerra no governo parlamentar vigente na altura.
Foi executado e o seu corpo foi exposto na praça pública no dia seguinte, onde, juntamente com outros apoiantes seus, foi pendurado de cabeça para o ar onde foi apedrejado por civis de modo a desencorajar quaisquer tipos de esforços Fascistas.


                Contexto que precede o surgimento do Fascismo

Nas primeiras décadas do século XX, a Europa foi palco de grandes tumultos e mudanças, sendo que o evento que teve maior impacto nesta altura foi a Primeira Guerra Mundial, iniciada em 1914 e terminada a 1918. No final da Guerra a Europa encontrava-se em crise económica, financeira e política. As estruturas produtivas encontravam-se debilitadas, ou seja, havia uma baixa produção quer agrícola quer industrial. Isto levava à escassez de produtos que, em virtude do aumento da procura, levou a uma crescente inflação dos preços. Nos países que foram palco de guerra, como Alemanha e França, os campos de cultivo e as fábricas foram destruídas devido a bombardeamentos, o passar de tropas e veículos militares, nomeadamente. Além disso, o Tratado de Versalhes – fruto das Conferências de Paz levadas a cabo em 1919 – colocava imensa tensão na Alemanha que, além de ser obrigada a pagar indemnizações aos países vencedores da Guerra, também retirava da Alemanha as regiões de Alsácia Lorena as minas do Ruhr e Sarre, necessárias para o desenvolvimento económico do país devido à existência de matérias-primas e minérios, o que levou a um agravamento da crise já então sentida.

Conferências de Paz após a Primeira Guerra Mundial

O apoio para a crise veio dos Estados Unidos que, em 1924 concederam grandes empréstimos à Alemanha como apoio de pagar as indemnizações e aos outros países como forma de se reconstruírem. No caso italiano, a Itália esperava ganhar algo com a Guerra, tendo passado para o lado da Entente em 1915 com a assinatura do Tratado de Londres onde lhe foram feitas promessas territoriais por parte da Entente. No entanto, o governo não foi capaz de defender os interesses da Nação.
Simultaneamente, no extremo Este do continente, na Rússia, vivia-se um clima de revolução. Duas Revoluções internas em 1917 (Revolução de Fevereiro e Revolução de Outubro) tinham feito com que esta tivesse saído mais cedo da Guerra. Estas revoluções – nomeadamente a de Outubro, conhecida por Revolução Bolchevista, liderada por Lenine, recém-chegado do seu exílio – derrubaram o regime autoritário czarista (em Fevereiro) vivido na Rússia até então, substituindo-o por um regime comunista que dava o poder ao povo, aos trabalhadores que se sentiam explorados e que ansiavam por melhores condições de vida e por um governo que fosse de encontro aos seus desejos. Os trabalhadores tinham finalmente as suas necessidades satisfeitas e em 1919 deu-se a Internacional Comunista, cujo objectivo era unir os proletários por todo o mundo e difundir os ideais do Comunismo. O sucesso da Revolução Bolchevista de Outubro 1917 e a Internacional Comunista de 1919, juntamente com o fracasso dos países de regimes demoliberais de resolver a situação de crise levou a uma crescente aceitação deste tipo de ideais comunistas.
Pode dizer-se, então, que houve uma regressão do Demoliberalismo: Por um lado vemos o crescente apoio dos ideais comunistas – com o aumento do número de greves, das tentativas de revolução comunista, da instabilidade social pelo proletariado que desejava que as suas necessidades fossem tidas em conta – e, por outro, temos a reacção das classes mais altas da sociedade (a burguesia possidente) – já que a essas classes da população não convinham os ideais comunistas como o fim da propriedade privada, a instalação de uma sociedade sem classes e o domínio operário dos meios de produção. Neste sentido, vão apoiar governos fortes que sejam capazes de encontrar uma solução para a crise e, ao mesmo tempo, assegurar as suas riquezas – das ditaduras de extrema-direita.
É neste contexto que surgem o Fascismo na Itália, em 1922, chefiado por Benito Mussolini.


                Como foi instaurado o Fascismo

Em 1919, Benito Mussolini, ex-socialista italiano, fundou um movimento revolucionário – Fasci Italiani di Combattimento. Inicialmente, o movimento tinha um programa de cariz republicano, democrático e socialista. No entanto, a simpatia dos industriais, de grandes proprietários e da burguesia, para além de desenvolver o movimento, também lhe impôs um cariz mais totalitário e conversador. Neste contexto, os fascistas entram para o Parlamento na ala conservadora, se bem que com pouca expressão política – Partido Nacional Fascista (PNF). Os Fascistas, empenhados em demonstrar a fraqueza do Governo Liberal levaram a cabo expedições punitivas contra socialistas, comunistas e sindicalistas e, em 1922, de 27 a 30 de Outubro, o PNF organizou uma greve geral e a Marcha sobre Roma, na qual participaram cerca de trinta mil fascistas, liderados por Mussolini intitulado o Duce (Guia), acompanhado pelos seus Camisas Negras, forças de choque, levando o Rei Vítor Emanuel III a convidar Mussolini a formar governo. Porém, insatisfeitos com uma coligação com o governo, os partidários do PNF lutam pelo poder absoluto. Neste sentido, alteram a lei eleitoral em 1924 de modo a assegurar a maioria parlamentar. Simultaneamente continuam com o terror e purgas internas e externas, assassinando o líder socialista Giacomo Matteoti nesse mesmo ano.

Benito Mussolini e os partidários do PNF, Marcha de Roma, 1922

                Princípios Ideológicos do Fascismo

Anti-Democrático, Anti-Parlamentar, Anti-Multipartidarismo e Anti-Liberal
O Fascismo rejeita qualquer tipo de sistema em que seja a população a tomar as decisões ao passo que o governante segue apenas as instruções da população. É, por isso, anti-democrático. Rejeita ainda os regimes parlamentares, através dos quais não se solucionam os problemas do Estado – é anti-parlamentar. Opõe-se, ainda, ao multipartidarismo, ou seja, à divisão dos poderes, defendendo que isso resulta num enfraquecimento da Nação. Por oposição, defende o poder soberano na pessoa do Chefe de Estado. Além disso, o Fascismo era anti-liberal - intolerante. Tudo o que estivesse fora do Estado seria inaceitável e rapidamente corrigido. Além disso, vai contra os ideais da igualdade segundo os quais os homens são iguais perante a lei. O que sucede no Fascismo é que a humanidade era dividida em dois grupos: as elites e as massas. As elites tinham como função governar sobre as massas. Seria a selecção natural a nomear estes dois grupos. Os Fascistas consideravam-se a si mesmos como pertencentes às elites, sendo que o Chefe seria o mais superior de todos.

                Anti-Comunista e Anti-Socialista
O Fascismo rejeita o movimento sindical de luta por melhores condições de trabalho por parte dos trabalhadores – através de manifestações e greves, nomeadamente. Todos os grupos sociais têm os seus interesses submetidos ao Estado na medida em que o Estado defende o interesse comum que a todos diz respeito.

                Nacionalismo
O Fascismo defende os valores da Nação acima de tudo. O Estado (que se identificava com a Nação) está acima de todos, e todos lhe devem respeito e obediência. Existia, portanto, um culto à obediência e, por conseguinte, um culto à personalidade ou culto de chefe, uma vez que o regime estava personificado no Chefe, Il Duce, Benito Mussolini, a quem todos deviam obedecer. Identifica-se também o Nacionalismo Económico, que consiste na fomentação da produção e consumo internos – política de autarcia – como modo de garantir ao Estado uma auto-suficiência económica que o tornasse impermeável às crises do capitalismo. Neste sentido, levaram-se a cabo campanhas para aumentar a produção nacional (e também garantir emprego mais pessoas, uma vez que grande parte da população – em muitos casos, imobilizados graças à Guerra – se encontravam desempregadas.), como foi o caso da Batalha do Trigo, em 1925.

                Totalitarismo
O Fascismo rejeita os direitos do indivíduo e qualquer tipo de organização que defendesse o interesse de grupos ou de trabalho, sendo que o único interesse que importa é o do Estado. O Estado estava no controlo de praticamente todos os aspectos da vida do país – quer os aspectos políticos, quer os sociais e culturais dos cidadãos, quer os económicos (com a autarcia como modelo económico). O Estado pretende que a população seja politicamente activa e apoiante da sua ideologia. Neste sentido, até os tempos livres das populações eram controlados, como mais adiante será referido.

                Imperialismo
Imperialismo, ou Expansionismo consiste na tendência da ocupação económica e política das Nações inferiores. Este expansionismo justificava-se pela necessidade de um “espaço vital” a que o país tinha direito para seu próprio crescimento e prosperidade. Isto é visível na invasão à Etiópia por Mussolini em 3 de Outubro de 1935.

                Militarismo e Anti-Pacifismo
O Fascismo caracteriza-se também pelo exercício do poder baseado na força e na violência. A autoridade era imposta pelas milícias armadas – Os Camisas Negras. Defendia, ainda, o anti-pacifismo, justificado pela crença de que só a guerra desenvolve ao máximo as capacidades humanas.

                A Mobilização da População
O Fascismo contava com o apoio e obediência cega das massas mobilizadas em torno do regime. Os membros da sociedade deviam ser activos na vida política do país, dentro dos seus limites de aceitação acrítica face ao Estado. O Fascismo defendia a existência de uma alma colectiva que assegurasse uma forte união nacional centrada no Chefe. Qualquer que se afastasse dos moldes do Estado seria rapidamente silenciado e afastado do resto da população, a fim de não causar distúrbios.
A fim de alcançar essa alma colectiva, o Fascismo utiliza estratégias como o recurso à propaganda juntamente com a encenação da força, a arregimentação das massas em organizações do Estado e a repressão policial e a censura intelectual.


                A Propaganda juntamente com a Encenação da Força

Apresentação de Mussolini, destacado com pose ensaiada
O Fascismo utiliza de forma hábil a propaganda que abrangia todos os aspectos da vida da população como forma de dilatar a noção de um Estado forte e ordenado, e como forma de divulgar os ideais do Chefe a quem prestavam culto. Alguns exemplos do uso da propaganda reflectem-se nos grandes comícios, nos jornais, na rádio, nos espectáculos e mesmo no desporto, onde a população testemunhava e ouvia o Chefe discursar de forma entusiástica e poderosa.
Mussolini apresentava-se frequentemente com farda militar como forma de transmitir a ordem, obediência e força. As suas aparições eram cuidadosamente planeadas e encenadas, como se de uma peça teatral se tratasse, em que Mussolini aparecia em locais elevados, numa pose imperiosa, que inspirava o respeito ao chefe e mostrava a sua omnipotência perante todos.
Eram levadas a cabo paradas militares pelas milícias armadas que visavam o apoio das massas e, como encenação de força, o medo entre os opositores do Fascismo.



                Arregimentação das Massas em Organizações do Estado

Organização Paramilitar - Os Balilas
 De modo a ter-se uma Nação plenamente submissa, não bastam apenas demonstrações de força e uma propaganda exercitada. É também necessário o enquadramento da população em organizações que desde cedo lhe inculque a ideologia oficial de modo a ser mais facilmente controlada. Para isso tomaram-se medidas como a filiação no partido único - cuja inscrição era, muitas vezes, obrigatória para trabalhar (como o caso dos funcionários públicos que eram recrutados no Partido, o que fazia com que o cartão de partidários fosse essencial para fazerem a sua vida, praticamente) -, a inscrição obrigatória nos sindicatos fascistas – sindicatos dirigidos por funcionários nomeados pelo Estado que substituíam os sindicatos livres; tinham como objectivo conjugar os interesses dos trabalhadores com os do patronato e, acima de todos, os do Estado; deixa-se a luta de classes passando a haver colaboração entre elas tendo como objectivo os interesses do Estado, que passava a controlar os trabalhadores –, a ocupação de tempos livres dos trabalhadores por parte do Estado – consistia no enquadramento da população em organizações que geriam o tempo de lazer com festas, actividades desportivas, viagens, servindo-se desses momentos para fazer propaganda do regime: o Dopolaboro –, as organizações da juventude – prestava-se grande atenção à juventude uma vez que, se treinada e se lhe fossem inculcados a ideologia do regime desde cedo, seria absolutamente fiel ao Chefe; para esse fim, os jovens eram enquadrados em organizações paramilitares onde lhes eram ensinados os valores Fascistas, como a obediência (tratavam-se dos Filhos da Loba, dos 4 aos 8 anos, dos Balilas, dos 8 aos 14 anos, Vanguardistas, dos 14 aos 18 anos, da Juventude Fascista, a partir dos 18 anos e dos Grupos Universitários Fascistas) – e, por fim, a escola fascista – o complemento final de toda a educação Fascista, na qual todos os professores eram nomeados pelo próprio Estado com recurso a livros próprios e seleccionados pelo Estado, onde estavam bem presentes os ideais do regime.

                A Repressão Policial e a Censura Intelectual
A força encenada nas paradas militares era também usada, não só como forma de inspirar o medo e entusiasmo, como também para vigiar a população em todos os locais que frequentasse. A Polícia Política era responsável pela vigilância e por eliminar toda a oposição, enviando-a para campos de concentração. Recorreu-se à Polícia Política – a O.V.R.A (Organização de Vigilância e Repressão do Anti-Fascismo) –, às Milícias Armadas – Os Camisas Negras do Partido Nacional Fascista – e à censura intelectual – que impõe literatura e arte que exalta o Fascismo sobre as restantes, ao proibir peças artísticas que não estivessem conforme os moldes do Estado; neste efeito, queimaram-se jornais, livros seleccionados pelo Estado como anti-fascistas.

Milícias Armadas - Os Camisas Negras do PNF



                A Particularidade do Fascismo – O Corporativismo
O Fascismo criou uma forma de controlar as relações entre o patronato e os trabalhadores. As profissões são organizadas por corporações, e a cada uma é atribuído um sindicato patronal e um sindicato operário. Existem ainda os sindicatos mistas, as corporações mistas, que pertencem tanto ao patronato como ao operariado. Qualquer tipo de contestação seria fútil e castigada, pelo que era obviamente proibida. Aos trabalhadores foi retirado o direito da greve, enquanto que ao patronato foi proibido o lock out.
De acordo com o Regime, os interesses individuais e profissionais seriam produtores de tumultos e discórdia, pelo que se deviam ter em conta única e exclusivamente os interesses do Estado. Os sindicatos Fascistas tinham como dirigentes funcionários nomeados pelo PNF, com o objectivo de assegurar esses interesses. O objectivo derradeiro destes sindicatos era travar o movimento comunista de luta de classes. No caso de dissidência ou desvio dos moldes do Regime, o Estado encarregar-se-ia de tomar acção para que não houvesse réplicas. Assim alcança-se disciplina laboral, aumento de produção e, claro, um firmamento do poder e autoridade do Estado como Estado Totalitário.
Itália passa, então, a ser um Estado Corporativo – a economia está toda colocada debaixo da mão de Mussolini, de acordo com o modelo económico da autarcia, ou seja, a auto-suficiência económica que isola o país dos restantes. Para integrar as corporações, cria-se um quadro legal a partir do qual emanaram o Ministério das Corporações e a Câmara dos Fasci e corporações cuja função era controlar todas estas instituições de modo a fazer os interesses do Estado prevalecer sobre os demais.


                O Símbolo do Fascismo – O Fascio
Utilizado por Magistrados na Roma antiga, o Fascio tornou-se o símbolo do Fascismo Italiano, representando os princípios do Fascismo. É um machado composto por um agregado de ramos de madeira que, separados, são facilmente partidos, ao passo que, quando juntos e bem seguros se tornam virtualmente inquebráveis. Representam a alma colectiva desejada por Mussolini. A lâmina do Fascio representa a força necessária, para instalar a ordem, com fim a atingir a união da Nação.





Bibliografia:
O Tempo da História, 1ª parte, Porto Editora,
Wikipedia (1, 2, 3)


Trabalho realizado por Filipe Monteiro, 12º J, nº15

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