O fim da Guerra Fria na década de 90, não significou a paz,
a fraternidade e o desenvolvimento harmonioso que tanto se esperava entre os
países. No fim do século XX, problemas como a fome, a doença, a intensificação
acentuada dos nacionalismos e dos confrontos político-religiosos continuavam a
pairar sobre o Mundo mas, em particular, nas regiões mais desfavorecidas.
África Subsariana
Considerada por muitos como a área mais pobre do planeta, nesta área do continente africano localizam-se países com graves problemas estruturais devido ao colonialismo, ao neocolonialismo, aos conflitos étnicos e à instabilidade política.
Desde sempre muito débeis, as condições de vida da população degradaram-se pela combinação de fatores: crescimento acelerado da população; agravamento da queda do valor dos produtos da região; enormes dívidas externas e diminuição das ajudas internacionais.
Após a 2ªGM, em 1945, o poder da etnia branca foi se diminuindo, facto que se foi acentuando com a propaganda de movimentos independentistas. O processo de descolonização, iniciado em 1945, acelerou-se na década de 1960, ano que ficou muito marcado por muitos países africanos terem alcançado a independência. Apesar disso, os problemas económicos e políticos foram-se agravando. A fragilidade económica levou-os a pedir ajuda às antigas metrópoles ou a organismos internacionais como a ONU e a CEE. De maneira a que as suas fraquezas fossem superadas, os países africanos formaram a Organização da Unidade Africana (OUA), criada em 1963 em Adis-Abeba, na Etiópia.
Fig.1 |
Fig.2: símbolo da Organização de Unidade Africana |
A África Negra atravessa atualmente uma crise política e económica caracterizada pela rejeição dos partidos únicos, pelo aumento das tensões tribais e por um grande desastre económico. Desde a década de 80, a recessão vem aumentando com a descida dos preços das matérias-primas e com um aumento dívida externa e do desemprego. Em 2009, o número de desempregados situava-se entre os 26 e os 28 milhões de pessoas, segundo a OIT (agência da ONU para o trabalho). Este organismo prevê ainda a existência de 170 a 200 milhões de trabalhadores extremamente pobres (recebem 1,25 dólares/dia) e de 240 a 260 de trabalhadores pobres (ganham 2 dólares/dia).
Em finais os anos 80 e inícios da década de 90, a maioria dos presidentes mantinham-se no poder graças aos partidos únicos que garantiam os privilégios da minoria, alicerçados na corrupção. A crescente pressão por parte dos direitos humanos tem obrigado vários países a se justificarem perante a comunidade internacional. Neste contexto, em 1990, a África Subsariana passou por fundamentais mudanças políticas, caracterizadas pelo dos sistemas vigentes: pluripartidarismo e democracia tornaram-se palavras de ordem. O Benim renunciou ao marxismo-leninismo, a Costa do Marfim legalizou os partidos de oposição após 3 anos de autoritarismo e o Gabão, Zaire, Tanzânia, Congo, Camarões e a Zâmbia adotaram o pluripartidarismo. Na África do Sul, as leis pelas quais se regia o apartheid foram abolidas em 1991.
A fome e a SIDA são outro dos problemas que afetam esta região do planeta. Sendo a região mais afetada pela SIDA, estima-se que existam mais de 35 milhões de órfãos na África Subsariana sendo que 11 milhões são órfãos pelo facto de os seus pais terem morrido de doenças causadas pelo HIV. Nos últimos 20 anos, a SIDA matou 17 milhões de pessoas na região, atingindo quase números idênticos como a gripe espanhola (20 milhões) e a peste negra (25 milhões).
Fig.3 |
Quanto à fome, é a região do planeta onde provavelmente mais se sofre com este problema, onde a situação parece piorar de dia para dia. Apesar de ser uma região onde se produz e se exporta produtos agrícolas, não consegue alimentar a sua população. Os países mais afetados por este problemas são: Etiópia, Somália, Sudão, Moçambique, Malawi, Libéria e Angola.
As estimativas para os próximos anos não são muito animadoras: segundo um relatório do Instituto Internacional de Pesquisa em Política de Alimentação, o número de crianças subnutridas aumentará cerca de 18% no ano de 2020. Ainda no mesmo estudo foi divulgado que, nos próximos 20 anos, o continente africano terá uma "diminuição na produção de alimentos em cerca de 20%", consequência dos problemas internos dos países.
Num outro estudo, desta vez feito pela ONU, estima-se que cerca de 150 milhões africanos não têm acesso ao número mínimo de calorias que um ser humano necessita. Mas o pior é que 23 milhões podem morrer à fome ou por causas provenientes da mesma, por falta de nutrientes no organismo como potássio, proteínas, cálcio, entre outros.
Conflitos/Guerras na África Subsariana
Fig.4 |
Fig.5 |
Seis conflitos persistem
Somália
A guerra civil na Somália teve início em 1991 e já causou a desestabilização de todo o país e a perda de poder do Estado para as forças rebeldes. A guerra intensificou-se com o envolvimento de forças militares etíopes no conflito entre o governo interino somali e a milícia islâmica. No final de 2008, após a retirada etíope, a metade sul do país rapidamente caiu nas mãos dos rebeldes islâmicos radicais que estabeleceram a lei Sharia nas regiões sob seu controlo. Em 2009, os rebeldes atacaram Mogadíscio, capturando grande parte da capital, mas não derrubando o Governo, que manteve o controlo sobre parte da cidade. Ahmedou Abdallah, enviado especial das Nações Unidas para a Somália, refere-se ao assassínio de civis na guerra civil como um «genocídio». Entre 350 mil e um milhão de somalis morreram em consequência da tomada do país pelos Senhores da Guerra, guerra civil e autoproclamação de independências.
Nigéria
A região do Delta do Níger é palco de uma série de confrontos e conflitos étnicos e políticos originados no início dos anos 1990. Tensões e disputas económicas entre petrolíferas multinacionais, o Governo nigeriano e grupos étnicos levaram à ocupação por milícias islâmicas, à militarização da região e a violentas guerrilhas. A capacidade da sociedade nigeriana é prejudicada pelo saque e corrupção dos recursos públicos. Os protestos contra o desvio dos recursos petrolíferos da região provocam a repressão do regime e o surgimento de grupos de jovens anárquicos criminosos ou de autodefesa e à reivindicação pelos radicais da lei Sharia. Além da violência étnica acrescem os problemas da poluição ambiental que afecta milhares de pescadores e agricultores empobrecidos e os mais de 30 milhões de pessoas de 40 grupos étnicos que vivem no Delta do Níger.
Sudão
Em guerra civil há 50 anos, o conflito no Sudão deslocou mais de 4 milhões de sudaneses para o sul (Juba) e norte (Cartum) do país e para Estados vizinhos. Incapaz de produzir alimentos ou ganhar dinheiro para se alimentar, a população enfrenta a fome generalizada. A guerra e prolongados períodos de seca já deixaram mais de 2 milhões de mortos. Com a recente independência do Sudão do Sul, subsistem conflitos no Nilo Azul, onde ex-rebeldes do Sul lutam por uma mudança do regime genocida de Omar al-Bashir e no Cordofão do Sul e montes Nuba, com os rebeldes a enfrentarem tropas do Governo e exigirem a autodeterminação e recusa da leiSharia. Os acordos anunciados não têm posto fim às hostilidades. Já no Darfur, um acordo de paz pôs fim ao conflito armado entre a milícia criminosa árabe Janjaweed, as tribos nómadas árabes e muçulmanas e os povos não árabes da região, mas os combates ainda se registam.
República Centro-Africana
A guerra civil na República Centro-Africana começou em 2004 com uma revolta de rebeldes e pelas ligações ao conflito no Darfur, no vizinho Sudão. Mais de 10 mil pessoas já se deslocaram por causa dos conflitos. A região de Bria, no Centro, está mergulhada numa grande miséria provocada pela disputa pelo controlo de diamantes entre grupos armados que recentemente assinaram um acordo de paz. Mais de 14 grupos armados prosseguem lutas na República Centro-Africana. A situação humana é alarmante e cada vez mais deteriorada pelos confrontos entre organizações militares e políticas no Nordeste do país. O golpista François Bozizé declarou-se presidente, dissolveu a Assembleia Nacional e suspendeu a Constituição com a promessa de promover a reconciliação, restaurar a ordem, melhorar a economia e promover eleições multipartidárias.
RD Congo
O conflito armado iniciou-se em 1998 e terminou oficialmente em 2003 quando o governo de transição da RD Congo tomou o poder. A maior guerra de África envolveu directamente oito países africanos e 25 grupos armados. Mais de cinco milhões de pessoas morreram, a maioria de inanição e doenças. Vários outros milhões foram deslocados. Apesar do acordo entre as partes beligerantes para criar um governo de unidade nacional, 1000 pessoas morreram diariamente em 2004 de subnutrição e doenças facilmente evitáveis. Em 2008, o conflito matava 45 mil pessoas por mês. Confrontos eleitorais fazem temer o agravamento da violência quando o índice de fome no país é extremamente alarmante. O grupo religioso militarizado Exército de Resistência do Senhor (LRA) tem semeado o terror entre as comunidades. Fundado em crenças étnicas e conceitos tirados do cristianismo apocalíptico, pretende instituir um Estado teocrático.
Chade
A guerra civil teve início em 2006 entre forças governamentais e grupos rebeldes apoiados pela milícia criminosa árabe Janjaweed, sustentada pelo Governo do Sudão do Norte. Batalhas fronteiriças e acusações entre tribos mostram as ligações aos conflitos no Sudão e República Centro-Africana. Apesar dos acordos de paz, os países vizinhos continuam a não respeitar as fronteiras e a fazer incursões no território do Chade, o que impede o regresso de 285 mil refugiados e 180 mil deslocados. A segurança permanece muito instável no Leste do país, na fronteira com o Darfur, onde grupos paramilitares operam. O Chade enfrenta uma crise humana de dimensões dramáticas devido à falta de alimentos provocada pelas poucas chuvas, a epidemia de cólera e o retorno de milhares de cidadãos do país que estavam na Líbia.
América Latina
Nas décadas de 60 e 70, os países da América Latina procuraram
libertar-se da sua forte dependência face aos produtos estrangeiros. Levaram a
cabo, assim, uma política industrial protecionista com o objetivo de substituir
as importações. Este estímulo económico, conduzido pelo Estado, realizou-se com
recurso a avultados empréstimos.
Nas décadas
seguintes, estes empréstimos, mal administrados desde o início, tornaram-se
difíceis de suportar, levando a uma situação caótica a nível económica: a dificuldade em pagar. Os anos 80 e a crise mundial dificultaram ainda mais esta situação, originando pedidos de insolvência como é o caso do México em 1982.
De maneira a inverter esta situação, os credores procederam à renegociação do pagamento da dívida (estabeleceu-se novos prazos, novos juros, novos montantes a amortizar), concederam-se novos empréstimos, mas estabeleceram medidas de austeridade que permitissem o saneamento económico.
Com o objetivo de reduzir a despesa pública, estas medidas implicaram despedimentos, reduções salariais, fim dos subsídios aos bens de primeira necessidade e corte das despesas de apoio social. Como consequência, o nível de vida da população desceu, sem que a economia retomasse o seu rumo. Nos anos 80, a inflação atingiu níveis altíssimos (5000% no México e 3000% em Nicarágua) e a década acabou pior do que tinha começado, com uma descida do PNB, em vários países. Foi a "década perdida".
A primeira tentativa de solucionar o problema da dívida foi através do plano Baker, em 1985. O plano não teve os efeitos esperados e foi substituído, em 1989, pelo plano Brady.
Fig.6: os guerrilheiros nicaraguenses, Augusto Sandino e Daniel Ortega (à esquerda) e os guerrilheiros da revolução cubana, Fidel Castro e Che Guevara (à direita) |
No século XX, a guerra de guerrilhas foi amplamente difundida na América Latina. Os principais grupos de guerrilheiros latino-americanos surgiram na Colômbia, Venezuela, Peru, Guatemala, Argentina, Brasil e Nicarágua.
Contudo, só duas guerras de guerrilha tiveram êxito no continente latino-americano: a primeira foi em Cuba, em 1959, com os líderes Fidel Castro e Che Guevara. A segunda deu-se em Nicarágua através da Frente Sandinista de Libertação Nacional, liderada por Augusto Sandino e Daniel Ortega.
Em vários países da América Latina, os guerrilheiros utilizaram a luta armada para combater as ditaduras instaladas, como é o caso do grupo guerrilheiro Sendero Luminoso (organização terrorista, inspirada no maoísmo, e que foi fundada na ano 1960 pelos corpos discentes e docentes de universidades do Peru) , que atuou nas décadas de 70 e 80, no Peru; e das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), que atuam ainda nos dias de hoje.
Fig.7: Abimael Gúzman, ou Presidente Gonzalo, o fundador do grupo Sendero Luminoso |
Fig.8: cartaz do grupo Sendero Luminoso |
Fig.9 |
Fig.10: guerrilheiros das FARC |
Quando Fidel Castro assumiu o poder em Cuba, os EUA temeram que o comunismo se propagasse pela América Latina. Então com o objetivo de contê-lo, os americanos apoiaram golpes de força e regimes ditatoriais de direita um pouco por todo o continente. Em 1975, só a Colômbia, a Venezuela e a Costa Rica tinham governos eleitos. Os restantes países encontravam-se sob regimes repressivos.
As dificuldades económicas, as desigualdades sociais e o prolongamento dos regimes ditatoriais, em países como o Brasil, a Argentina, o Chile e o Peru, fizeram com que as guerrilhas aumentassem as suas atividades oposicionistas. Nas décadas de 60 e 70, continente conheceu um aumento dos movimentos de guerrilha. Isto fez com que a região se lança-se num clima de guerra civil e contribuiu para o seu atraso.
Nos anos 80, registou-se uma viragem para a democracia.
A guerrilha do Araguaia
Livro "O Tempo da História"- 12º
Trabalho realizado por: André Sousa nº4
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