UNIDADE 3 – PORTUGAL NO NOVO QUADRO INTERNACIONAL
3.1.
A integração europeia e as suas implicações (3.1.1. e 3.1.3.)
Portugal entrou para a Comunidade Económica Europeia em 1986 e dessa adesão resultaram consequências aos mais variados níveis (político, económico, social…). Este trabalho pretende abordar a situação do país após a entrada na CEE, sob o ponto de vista da sua evolução económica e política (ainda que pudessem ser referidas outras mudanças ao nível demográfico, social, cultural). Na evolução económica serão destacados as características da economia portuguesa até aos dias de hoje e na evolução política referir-se-á a consolidação democrática que teve lugar no nosso país.
Nota: alguns conceitos e notas importantes encontram-se no final do trabalho e, ao longo deste, estão assinaladas com números e asteriscos.
1. INTRODUÇÃO: CONTEXTUALIZAÇÃO
No ano de 1974, através de um
golpe militar levado a cabo pelo Movimento das Forças Armadas a 25 de Abril,
Portugal deixou de viver sob um regime ditatorial que se prolongava há 48 anos.*
Após o golpe - que abrira uma
nova ordem democrática - seguiram-se dois anos conturbados: o período
pré-constitucional, durante o qual a instabilidade política e a agitação social
foram uma realidade. A Constituição de 1976 – que reflecte o período em que foi elaborada, congregando
ideais democráticos e socialistas (existia um bipolarismo) - viria a pôr
termo a este período
2. INTEGRAÇÃO EUROPEIA
2.1. ANTECEDENTES DA ADESÃO
2. INTEGRAÇÃO EUROPEIA
2.1. ANTECEDENTES DA ADESÃO
O Estado Novo deixou Portugal
bastante isolado das instituições económicas internacionais (embora
participasse no GATT₁,
na EFTA₂ e na OCDE₃, tendo também um acordo
comercial com a CEE₄, negociado por Marcello Caetano
em 1972). Assim, os governos posteriores ao 25 de Abril de 1974 começaram olhar
para o reforço das relações económicas já estabelecidas como algo necessário e
tornaram a Europa (a CEE) num dos seus objectivos económicos permanentes:
‘’O país,
confrontado com o fim do Império, sente que tem direito a que seja reconhecida
a sua pertença às instituições europeias’'
(‘’História de Portugal’’, José Mattoso)
(‘’História de Portugal’’, José Mattoso)
Fig. 1 - Mário Soares (n. 1924), político português. |
Contudo, mesmo com opositores, a
adesão à CEE foi decidida pelo primeiro governo do Partido Socialista** que, ultrapassando os
âmbitos económico e comercial do acordo de 1972, tinha razões essencialmente
políticas para levar a cabo a integração: constituiria um modo de afirmação do país a nível
internacional, a fim de se pôr fim ao isolamento em que o Estado Novo o deixara.
Apenas se verificou, no
Parlamento, a oposição do Partido Comunista Português e da extrema-esquerda,
cujas razões foram anteriormente referidas.
2.2. CONCRETIZAÇÃO DA ADESÃO
2.2. CONCRETIZAÇÃO DA ADESÃO
A 28 de Março de 1977
é pedida a adesão à comunidade. A sua concretização só chegaria depois de 8
anos de negociações morosas, durante os quais a CEE procurou certificar-se de
que as instituições democráticas do país funcionavam adequadamente.
O processo prolongou-se por diversos
Governos que continuaram a olhar a integração na CEE como um objectivo
essencial. Assim, a 12 de Junho de 1985 assina-se, no Mosteiro dos Jerónimos
(Lisboa), a Acta Final dos Acordos de Adesão e, a 1 de Janeiro do ano seguinte,
as suas normas entram em vigor. Portugal
torna-se membro, juntamente com a Espanha, da CEE.
Fig. 2 - Assinatura do Tratado de Adesão português à CEE, em 1985. |
Para
se saber mais sobre o processo negocial que conduziu Portugal à CEE, deixo o
seguinte link do site Eurocid – o portal de informação europeia em língua
portuguesa, que descreve o processo cronologicamente, incluindo documentos
relativos à adesão, como discursos de 12 de Junho de 1985 e o Acto de Adesão de
Espanha e Portugal:
3. EVOLUÇÃO ECONÓMICA
A evolução económica portuguesa,
após a adesão à CEE em 1986, pode ser dividida em três períodos distintos:
- Da adesão (1986)
até 1992;
- De 1993 até ao
final do século XX;
- A partir do
terceiro milénio.
3.1. PERÍODO 1986-1992
Após um período economicamente negativo,
a adesão à então CEE trouxe vantagens a Portugal – a economia nacional, integrada na Comunidade,
evoluiu cada vez mais entre 1986 e 1992, registando-se assim a mais
rápida expansão económica desde 1974, ano da ‘’Revolução dos Cravos’’. O
crescimento da economia portuguesa ficou a dever-se a variados factores que
serão descritos de seguida.
A) Factores de Crescimento Económico
No período em causa, várias foram as causas que, conjugadas, explicaram o crescimento da economia portuguesa.
No período em causa, várias foram as causas que, conjugadas, explicaram o crescimento da economia portuguesa.
Em termos de conjuntura internacional destacam-se
as seguintes:
- Em 1985/86 verifica-se a descida, para quase metade, dos preços do
petróleo (assim como a descida de preços de outros produtos importados por
Portugal);
- Nos mesmos anos, o dólar americano sofre uma forte
desvalorização, o que, aliado à descida dos preços do petróleo
anteriormente referida e à descida dos
preços das matérias-primas, trouxe vantagens significativas a toda a
economia e permitiu melhorar a situação financeira das empresas;
- Ao contrário da situação
registada em 1974, em 1985 a economia
mundial estava a sair de uma grave crise económica e a entrar numa conjuntura
de características vantajosas, o que permitiu o surgimento de
possibilidades de levar a cabo políticas expansionistas (contrárias às
políticas económicas protecionistas) a fim de diminuir o desemprego e de
relançar a produção.
Internamente, salienta-se um
importante factor
político que contribuiu para o crescimento económico. Em 1985
inicia-se um período de estabilidade
política sem precedentes, desde a Revolução de 25 de Abril, estando no
poder, ininterruptamente, o PSD (Partido Social-Democrata), o que permitiu:
- Reforçar a confiança dos
investidores portugueses e estrangeiros na evolução da economia nacional;
- Consolidar um modelo
sócio-económico assente na concorrência e na iniciativa privada (a título de
exemplo, aponta-se a reprivatização da maioria das empresas públicas – que
tinham sido nacionalizadas durante o período 1974-76 – e a reabertura de
mercados à iniciativa privada).
Outro factor determinante foi,
sem dúvida alguma, a entrada de Portugal na Comunidade Económica Europeia:
logo após a adesão à CEE começou um fluxo de transferências importantes (da
Comunidade para Portugal) que foi vantajoso quer para os particulares, quer
para as empresas, sendo que o país teve acesso aos fundos estruturais da CEE,
tornando-se um dos principais beneficiários da reforma destes fundos em 1988 e
do Fundo de Coesão. Esta transferência de capitais e de apoios técnicos (que
faziam parte dos programas de apoio económico e financeiro oferecidos ao país)
visava a aproximação do país aos níveis de desenvolvimento dos restantes
estados-membros, uma vez que a concretização do Mercado Único europeu estava
prevista para 1993 e, para que se realizasse, era necessária a modernização
económica dos países aderentes. Portugal foi então classificado como ‘’região em atraso de desenvolvimento’’ e, por
essa razão, recebeu de 1989 a 1993 mais de 60% (63,4%, segundo a obra ‘’Portugal 20 Anos de Democracia’’, de António
Reis) dos apoios monetários previstos no âmbito dos seguintes programas de
apoio:
Fig. 3 - A CEE em 1986, com a entrada dos dois países ibéricos. |
- FEDER (Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional) que tem como
objectivo apoiar as regiões menos desenvolvidas, aquelas que têm dificuldades
de ordem estrutural e as que se encontram em reconversão económica. Deste modo,
apostou no desenvolvimento de infraestruturas (telecomunicações e vias de
comunicação), no apoio às empresas, na educação, formação e pesquisa - tudo
isto para reduzir as desigualdades regionais entre os estados-membros;
- FSE (Fundo Social Europeu) intervém no âmbito da estratégia
europeia para o emprego (por exemplo, na qualificação da mão-de-obra);
- FEOGA (Fundo Europeu de Orientação e Garantia Agrícola) está dividido
em duas secções – a secção Orientação e a secção Garantia. No caso português
destaca-se esta última que tem por fim contribuir para o desenvolvimento das zonas
rurais menos desenvolvidas, tornando as suas estruturas de produção,
transformação e comercialização (de produtos silvícolas e agrícolas) mais
eficazes.
Ainda no âmbito agrícola, a CEE
pôs em prática o PEDAP (Plano Específico de Desenvolvimento da
Agricultura Portuguesa, que visava o apoio ao investimento neste sector).
Porém, a CEE não procurou
desenvolver o país só nas áreas já referidas, mas também noutras, como a educação, na qual o país estava
atrasado, através do PRODEP (Programa Específico de Desenvolvimento da
Educação em Portugal, que visava a modernização do sistema de ensino).
Também a indústria é apoiada pela
Comunidade com o PEDIP (Programa Específico de Desenvolvimento da
Indústria Portuguesa, aprovado em Conselho Europeu em 1988 e posto em
funcionamento entre 1989 e 1992, com o objectivo de desenvolver a indústria
nacional). A título de exemplo, podem referir-se ainda outros programas de
apoio providenciados pela CEE, como o Programa
STAR (Serviços Avançados de Telecomunicações) e o Programa VALOREN (incide na exploração de novas formas de energia
em Portugal, como a biomassa e a energia solar).
B) Reflexos Benéficos na Economia Nacional
Embora, durante este período, a economia portuguesa não tenha atingido o nível das dos outros estados-membros, a sua evolução foi positiva graças às razões anteriormente descritas, o que se verifica:
Embora, durante este período, a economia portuguesa não tenha atingido o nível das dos outros estados-membros, a sua evolução foi positiva graças às razões anteriormente descritas, o que se verifica:
- No crescimento do PIB (Produto Interno Bruto);
- No aumento do consumo privado;
- No aumento dos investimentos;
- No aumento do número de
pequenas e médias empresas;
- Na descida do nível de
desemprego;
- Na descida da taxa de inflação
(a inflação era, até aqui, de cerca de 30% e desceu para 13,4%);
- No aumento das remunerações
médias dos trabalhadores e das regalias sociais, como as pensões e os subsídios
de desemprego (factores que, aliados a outros, tiveram consequências no
melhoramento do nível de vida da população);
- Na situação muito satisfatória
da balança comercial do país (há uma redução do défice da balança comercial).
Há que destacar ainda o crescimento da
produtividade da indústria portuguesa a partir de 1985. Esta
situação foi beneficiada por quatro principais condições, (algumas delas já
referidas no ponto A):
- Estabilidade política (cujas
vantagens foram já descritas no ponto A);
- Políticas de saneamento
económico e financeiro (no âmbito dos acordos celebrados com o Fundo Monetário
Internacional para a estabilização da economia portuguesa) que começaram a
surtir efeito a partir de 1985, tornando a economia nacional mais propícia ao
crescimento;
- Adesão à CEE que foi
proporcionada pelos dois factores anteriores e que permitiu o aumento das
importações de países mais desenvolvidos e das exportações e ainda a entrada de
capitais estrangeiros aplicados em investimentos privados e em infraestruturas;
Fig. 5 - Autoeuropa, o maior investimento estrangeiro em Portugal, nos anos 90. |
- Condições internacionais
favoráveis, em termos económicos, como as que foram sublinhadas no ponto A
(desvalorização do dólar, descida do preço do petróleo, descida das taxas de
juro…).
Conclui-se, deste modo que, embora continuassem a persistir alguns aspectos
desfavoráveis à economia do país (por exemplo, o défice orçamental era um
problema ‘’crónico’’ e continuava a existir), a evolução económica portuguesa
foi francamente positiva, desde a adesão até ao ano de 1992.
3.2. PERÍODO 1993 – FINAL DO SÉCULO XX
A) Dificuldades Económicas
Apesar da evolução positiva da
economia portuguesa desde a adesão à União Europeia (a CEE passou a
denominar-se União Europeia em 1992), o ano de 1993 trouxe consigo dificuldades
económicas para o país.
Além disso, os índices nacionais
continuavam a ser muito inferiores à média comunitária, registando-se os
seguintes problemas
e dificuldades:
- Os empresários e trabalhadores portugueses tinham que enfrentar condições mais difíceis do que os dos
restantes estados-membros;
- Sectores como a agricultura e os têxteis permaneciam bastante vulneráveis (a agricultura,
por exemplo, apesar dos fundos comunitários já referidos de que beneficia,
sofre um declínio, uma vez que não consegue suportar a concorrência dos outros
países europeus);
- A indústria não cresceu e, embora beneficiasse dos investimentos
estrangeiros no país (das multinacionais, como é o caso da representada na Fig. 5), não beneficiava do crédito que, neste período,
sofreu um aumento bastante significativo (direcionado essencialmente para os
serviços e para a habitação), dependia fortemente da conjuntura económica
externa, tinha dificuldades em competir com as marcas internacionais nos
mercados externos e sofreu, também, com uma fraca aposta no desenvolvimento e
na investigação;
- As reformas estruturais da economia nacional, impostas pela entrada no
Mercado Único em 1993 e pela chegada da moeda única em 1999, obrigaram o país a pesados esforços
(por exemplo, era obrigado a reduzir a inflação significativamente e a
continuar a crescer mais do que a média europeia e, para além disso, o Mercado
único fez crescer a pressão da concorrência);
- Com a revisão dos Tratados
elaborados em Dezembro de 1991, em Maastricht (que foram assinados em Fevereiro
de 1992 e que entraram em vigor em Novembro de 1993), o apoio comunitário
alargou-se a novas actividades (e não apenas as referidas no ponto 3.1.) e a
maiores quantias e apoios – contudo, a
situação de Portugal, que recebia fundos e apoios ‘’exclusivos’’ durante o seu
período transitório de adesão á CEE (1986-91) não se vai manter, ficando muitos domínios fora das ajudas cedidas
pela UE.
A acrescentar a isto, há que referir que o futuro traria ainda a abertura da UE à Europa de Leste (no final dos anos 80 dá-se a falência dos regimes comunistas europeus e, consequentemente, dá-se a implosão do Bloco de Leste) e a liberalização do comércio mundial, o que traria maior competição, podendo desviar clientes e recursos.
A acrescentar a isto, há que referir que o futuro traria ainda a abertura da UE à Europa de Leste (no final dos anos 80 dá-se a falência dos regimes comunistas europeus e, consequentemente, dá-se a implosão do Bloco de Leste) e a liberalização do comércio mundial, o que traria maior competição, podendo desviar clientes e recursos.
B) Algum Crescimento Económico
A redução no crescimento da
economia portuguesa a partir de 1993 não impediu que, a partir de 1995, o país
retomasse uma evolução positiva. Esta situação verifica-se, essencialmente:
- Na crescente terciarização da
economia portuguesa. De facto, embora a agricultura tenha perdido expressão e a
indústria pouco se desenvolvesse, o sector terciário (comércio e serviços) cresceu
acentuadamente, como se pode concluir pela tabela (fig. 8) e pelo gráfico (fig. 9).
Fig. 8 - Estrutura da população activa entre 1984 e 1997. É possível verificar um aumento crescente da percentagem de população activa no sector terciário. |
- Na desinflação e na redução das
taxas de juro proporcionadas pela integração de Portugal na União Económica
Monetária (decidida em Maastricht) e pelo cumprimento dos critérios que esta
exigia.
Fig. 10 - Variação do índice de preços ao consumidor, em Portugal (1978-2008). O tracejado vermelho (correspondente ao ano de 1993) assinala a descida da inflação que se começou a fazer sentir. |
- Na forte aposta nas
infraestruturas, nomeadamente nas telecomunicações e nas vias de comunicação
(autoestradas, por exemplo), nas redes de gás, electricidade e abastecimento
hídrico. Exemplos dos investimentos nas infraestruturas são o aeroporto do
Funchal e o Parque das Nações, em Lisboa.
Assim, o país adere à moeda única
no ano de 1999, ao lado de outro 11 países comunitários.
3.3. PERÍODO DE ENTRADA NO SÉCULO XXI/TERCEIRO
MILÉNIO
A entrada no século XXI e no
terceiro milénio fez-se, para o nosso país, com dificuldades económicas. De
facto, essa situação faz-se sentir na actualidade – o país está hoje mergulhado
numa crise económica.
Assim, embora a entrada em
circulação da moeda única (o euro) tenha sido benéfica, muitos são os
obstáculos que a economia portuguesa enfrenta. Para começar, Portugal é e
sempre tem sido uma das mais pequenas economias europeias – a prová-lo está o
PIB português que, em 2001, representava pouco menos de 1,4% da economia
europeia. Os preços aumentaram (inflação) e o défice das contas públicas
cresceu, em finais de 2001 e em 2002 – ano em que o crescimento económico
português foi o mais baixo da UE.
A) Dificuldades Económicas
A situação descrita justifica-se
a partir de variados factores referentes ao contexto internacional:
- Os choques petrolíferos que se
têm verificado desde 1999, fazendo aumentar o preço do petróleo, o que é
prejudicial para o país, já que este está dependente deste combustível fóssil;
- O crescimento do terrorismo
(exemplos são o atentado ao World Trade Center em Nova Iorque, a 11 de Setembro
de 2001 e o ataque terrorista de 11 de Março de 2004, em Madrid);
- A intensificação da
concorrência externa com a adesão à UE dos países da Europa de Leste, em 2004
(Chipre, Eslováquia, Eslovénia, Estónia, Hungria, Letónia, Lituânia, Malta, Polónia
e República Checa) e 2007 (Bulgária e Roménia), como já se previa;
- A recessão económica dos EUA que
eclodiu em 2008 e contribuiu para que se iniciasse uma crise mundial que se
mantém até aos dias de hoje.
Christine Lagarde, actual directora-geral do FMI, afirma que a actual conjuntura económica internacional é uma ''situação muito grave e sem
precedentes''.
Internamente, aponta-se como principal causa da actual crise económica a escolha de políticas económicas desadequadas. A escolaridade reduzida e a fraca formação profissional dos
portugueses constitui outra das fragilidades do país, não lhe permitindo
combater eficazmente a recessão económica. Neste âmbito aponta-se ainda a falta
de investimentos na investigação.
B) Consequências da Recessão
As dificuldades económicas que o país tem vindo a sentir desde o início deste século têm, claramente, reflexos negativos.
As dificuldades económicas que o país tem vindo a sentir desde o início deste século têm, claramente, reflexos negativos.
De entre esses destaca-se um
problema grave que até hoje permanece – o desemprego. Este tem vindo a crescer
nos últimos anos, fruto do encerramento das empresas que não conseguem resistir
aos efeitos da crise económica e ainda da deslocalização das multinacionais que procuram
noutros países e noutros mercados melhores oportunidades e custos de produção
mais baixos (sobretudo custos de mão-de-obra). O desemprego tem, naturalmente,
consequências negativas na economia do país – com menos emprego e,
consequentemente, menos salários, o poder de compra diminui, fazendo com que o
consumo se reduza.
O seguinte
vídeo (criado no âmbito de um projecto da Fundação Francisco Manuel dos Santos,
em parceria com a RTP) é emitido no programa ‘’Telejornal’’ da televisão
pública e, com base em dados estatísticos, descreve sucintamente a evolução do
desemprego de 2000 a 2010, salientando alguns outros aspectos importantes (a
qualificação profissional dos desempregados, o maior número de mulheres
desempregadas do que de homens…).
A deslocalização empresarial é
outra das consequências da recessão económica. Sobre essa questão, que
frequentemente é notícia nos meios de comunicação social, existe um estudo que
consta de um relatório publicado em Maio de 2008 através de dados retirados do ‘’European
Restructuring Monitor’’ (uma base de dados europeia que reúne todas as
reestruturações empresariais que são relatadas na imprensa). As conclusões
desse estudo fazem parte de um artigo do Diário de Notícias, cujo excerto se
encontra abaixo.
De facto, a economia portuguesa tem vindo a sofrer essencialmente com a
recessão internacional e, actualmente, essa situação continua a verificar-se.
Para terminar, confirmando esta ideia, segue-se um vídeo que corresponde a uma
música do grupo ‘’Deolinda’’ que exprime o desagrado dos cidadãos em geral com
a situação do país neste período e as dificuldades que os mais jovens têm que enfrentar na actual conjuntura económica.
4. EVOLUÇÃO POLÍTICA: CONSOLIDAÇÃO DA DEMOCRACIA
Portugal viveu quase meio século
sob o signo da ditadura (ver ponto 1 – Introdução). Depois da revolução levada
a cabo pelo MFA a 25 de Abril de 1974 de modo a implantar um regime democrático
no país, Portugal não era uma nação de sólidas raízes democráticas – de facto,
não tinha mais do que uma breve experiência de democracia de dezasseis anos (1910-1926).
Porém, após o período turbulento
que se estendeu desde a revolução até à entrada em vigor da Constituição de
1976, a situação alterou-se: a democracia portuguesa consolidou-se. Para isto
contribuiu, em grande parte, a entrada na Comunidade Económica Europeia (em
1986), que actualmente se designa União Europeia.
Depois do período conturbado de
1974-76 (durante o qual o país sofreu uma ‘’esquerdização’’ política e esteve
na eminência de seguir o rumo do socialismo), a integração na Comunidade,
constituída por países democráticos, tornou mais fácil a consolidação das instituições
democráticas portuguesas – Portugal aproximou-se do modelo democrático da
Europa Ocidental que tinha sólidas tradições democráticas. Foi precisamente com
a intenção de preservas as novas instituições da jovem democracia que Portugal
pediu à CEE a adesão (no ano de 1977).
O país beneficiou dos contactos
com os modelos políticos dos países comunitários desde a integração, efectuada
em 1986, o caminho percorrido pela democracia nacional tem sido relativamente tranquilo,
sem grandes sobressaltos:
- A liberdade existe (de
expressão, por exemplo), tal como previsto na Constituição em vigor (a de 1976,
alterada pelas sucessivas revisões constitucionais);
- As instituições que visam a representação
nacional funcionam normalmente através do voto universal de todos os cidadãos
portugueses, sem restrições de sexo, escolaridade, etc. (a única condição é a
da maioridade, isto é, ser maior de 18 anos);
Fig. 13 - Freitas do Amaral (n. 1941). |
·
A presidência da Assembleia-Geral da ONU a cargo
de Freitas do Amaral, entre 1995 e 1996;
·
O apoio que Portugal, e mais concretamente o
Governo português, conseguiu no processo de independência de Timor-Leste, que
se revelou complexo;
·
O convite feito a Durão Barroso (na altura
primeiro-ministro de Portugal), em Junho de 2004, para se tornar Presidente da
Comissão Europeia₉, um
cargo de destaque na União que ocupou no ano seguinte;
·
A eleição do político (e antigo primeiro-ministro)
António Guterres para o cargo de Alto-Comissário da das Nações Unidas para os
Refugiados.
Fig. 15 - António Guterres (n. 1949) |
Fig. 14 - Durão Barroso (n. 1956). |
5. CONCLUSÃO
Conclui-se, assim, que, apesar
dos longos anos de regime ditatorial, Portugal é hoje um país verdadeiramente democrático,
integrado de forma plena na União Europeia, embora subsistam as dificuldades
económicas e, no contexto comunitário, Portugal esteja ainda atrasada em
relação aos parceiros europeus (os restantes estados-membros), especialmente em
termos económicos.
CONCEITOS IMPORTANTES
CONCEITOS IMPORTANTES
₁ Acordo Geral de Tarifas e Comércio - Conjunto
de acordos de comércio internacional que visam a abolição das taxas
alfandegárias entre as nações que aderirem. O primeiro acordo do GATT foi
estabelecido após a II Guerra Mundial (1939-45), em 1947, em Genebra, onde se
situa a sua sede.
₂ Associação Europeia do Comércio Livre -
Associação fundada em 1960 sob o signo do comércio, pretendendo, através deste
meio, alcançar a prosperidade económica entre os membros signatários e a
cooperação económica entre os países da Europa Ocidental.
₃ Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Económico – Organização fundada em 1947, pouco depois do fim da II Guerra
Mundial, com o objectivo de gerir a ajuda americana à Europa, destruída pela
guerra (ajuda concretizada no Plano Marshall, do mesmo ano). Ainda hoje existe
e promove, entre os estados-membros, a identificação de problemas económicos e
de cooperação a este nível, a sua discussão e análise e a criação de políticas
comuns para os solucionar.
₄ Comunidade Económica Europeia – Teve origem
na CECA (Comunidade Europeia do Carvão e do Aço) da qual fazia parte a Itália,
a Bélgica, os Países Baixos, o Luxemburgo, a República Federal Alemã e a França
e que foi criada através da assinatura do Tratado de Paris, em 1951. O sucesso
desta organização originou a CEE, através do Tratado de Roma, assinado em 1957.
O seu objectivo era a cooperação económica entre os estados-membros através das
trocas comerciais, buscando a expansão económica. Procurando alargar as
competências da Comunidade a outros domínios, assina-se o Tratado de Maastricht
e a CEE passa a constituir a Comunidade Europeia. Actualmente denomina-se União
Europeia, conta com 27 estados-membros e alguns países candidatos, promovendo
políticas comuns em variadas áreas, como a cultura, a economia, a sociedade, a
educação, entre outras.
₅ Fundo de Coesão – tem como objectivo reforçar a coesão económica e social entre os estados-membros, financiando, de modo equilibrado, ‘’projectos (…) técnica e financeiramente independentes e grupos de projectos que formem um conjunto coerente, no domínio do ambiente e no das redes transeuropeias de infraestruturas de transportes’’ (site da União Europeia – europa.eu).
₆ Défice das finanças públicas - Corresponde à diferença entre as despesas das Administrações Públicas e as suas receitas, em relação ao total do PIB (Produto Interno Bruto).
₅ Fundo de Coesão – tem como objectivo reforçar a coesão económica e social entre os estados-membros, financiando, de modo equilibrado, ‘’projectos (…) técnica e financeiramente independentes e grupos de projectos que formem um conjunto coerente, no domínio do ambiente e no das redes transeuropeias de infraestruturas de transportes’’ (site da União Europeia – europa.eu).
₆ Défice das finanças públicas - Corresponde à diferença entre as despesas das Administrações Públicas e as suas receitas, em relação ao total do PIB (Produto Interno Bruto).
Um défice com sinal positivo corresponde a um saldo negativo, isto é, há mais
despesas do que receitas e vice-versa.
₇Inflação - Numa economia de mercado (como a
da CEE/EU), os preços dos bens e dos serviços estão sempre sujeitos a
alterações: uns sobem, outros descem. A inflação verifica-se quando há um aumento
geral dos preços dos bens e dos serviços (e não quando somente os preços de determinados
artigos sobem). Assim, com a mesma quantia compra-se menos. Neste caso, um euro
vale menos do que anteriormente.
₈ Sistema Monetário Europeu – Criado pela CEE
em 1979, é um sistema de câmbios controlado que surgiu por causa do (então
recente) abandono do sistema divisas-ouro dos EUA e o início da flexibilidade
de câmbio que surgiu como sua consequência. Surgiu com o objectivo de
estabelecer relações de câmbio mais estáveis entre as diferentes moedas
europeias e aproximar os estádios de desenvolvimento económico dos
estados-membros.
₉ Comissão Europeia - É composta por vinte
e sete comissários (um de cada país membro) que
são responsáveis pela direcção política da União Europeia durante cinco anos
(período de tempo que dura o seu mandato) e pelo Presidente da Comissão que
define quais as funções de cada comissário, atribuindo-lhe áreas políticas
específicas. As suas funções prendem-se com: propor nova legislação ao Parlamento e ao Conselho, gerir o orçamento e os fundos da EU, representar a União Europeia a
nível internacional (por exemplo, assinando acordos com países exteriores
à UE) e, por fim, garantir o cumprimento
da legislação da UE, função que desempenha em conjunto com o Tribunal de Justiça.
NOTAS
NOTAS
* Ditadura militar desde 1926, com o golpe
militar liderado pelo General Gomes da Costa, ditadura nacional desde 1928 e
Estado Novo desde 1933, através da Constituição desse ano). Foi a este último
regime antidemocrático, conservador, nacionalista e corporativo, liderado por
Oliveira Salazar até 1968 e por Marcelo Caetano a partir dessa data, que o
golpe militar pôs fim
** O PS ganhou as primeiras eleições legislativas, realizadas em 1976 , tal como previsto no programa do MFA, em Abril de 1974. O político Mário Soares foi nomeado
Primeiro-Ministro deste I Governo Constitucional e o seu ministro dos Negócios
Estrangeiros era Medeiros Ferreira.
FONTES CONSULTADAS
BIBLIOGRAFIA
MATTOSO, José, ‘’História de Portugal – Portugal em
Transe’’, volume 8, Editorial Estampa
MEDINA, João, ‘’História de Portugal – Dos Tempos
Pré-Históricos aos Nossos Dias’’, Clube Internacional do Livro
REIS, António, ''Portugal 20 Anos de Democracia'', Círculo de Leitores
COUTO, Célia, ROSAS, Maria, ''O Tempo da História'', História A, 12º Ano, 3º Volume, Porto Editora
ANTÃO, António, ''Preparação para o Exame Nacional 2006'', História A, 12º Ano, Porto Editora
QUEIRÓS, Adelaide, ''Preparação para o Exame Nacional 2011'', Geografia A, 11º Ano, Porto Editora
WEBGRAFIA
www3.eeg.uminho.pt (Universidade do Minho)
REIS, António, ''Portugal 20 Anos de Democracia'', Círculo de Leitores
COUTO, Célia, ROSAS, Maria, ''O Tempo da História'', História A, 12º Ano, 3º Volume, Porto Editora
ANTÃO, António, ''Preparação para o Exame Nacional 2006'', História A, 12º Ano, Porto Editora
QUEIRÓS, Adelaide, ''Preparação para o Exame Nacional 2011'', Geografia A, 11º Ano, Porto Editora
WEBGRAFIA
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wps.fep.up.pt (Faculdade de Economia da Universidade do Porto)
economia.publico.pt (Jornal ''Público'')
infopedia.pt
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Trabalho realizado por:
Ana Rita Cruz, nº3 12º J
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