quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

O mundo capitalista





Entre 1945 e 1985, o mundo viveu um clima de tensão internacional resultante do afrontamento entre duas superpotências: os EUA e a URSS. Este clima dividiu o mundo em dois blocos: o bloco capitalista (liderado pelos EUA) e o bloco comunista (liderado pela URSS). Este período ficou denominado por "Guerra Fria".






 


Quando a 2ª Guerra Mundial chegou ao fim, em 1945, renasceram as desconfianças, por parte dos Estados Unidos e da Inglaterra, face ao regime comunista que Estaline representava e às suas pretensões expansionistas pela Europa.





Harry S. Truman (1884-1972)



Confirmando as desconfianças relativas à expansão do comunismo, a URSS inicia um processo de sovietização pelo Leste Europeu, em muito condenado pelos ocidentais. Em 1946, Churchill denuncia a criação, por parte da URSS, de uma área de influência impenetrável, isolada do Ocidente por uma "cortina de ferro". Um ano após este alerta, Truman enuncia a sua doutrina - doutrina Truman - baseada na contenção do comunismo (cointainement). Uma vez anunciada esta doutrina, os Estados Unidos assumem a liderança e empenham-se por todos os meios na contenção dos avanços do socialismo.








O Plano Marshall - grande plano de ajuda económica à Europa - funcionou nesse sentido, uma vez que ajudou na reconstrução da economia europeia e fortaleceu os laços entre a Europa Ocidental e os Estados Unidos, impedindo, assim, que os ideais comunistas chegassem a estes países fragilizados política, social e economicamente pela 2ª Guerra Mundial.









Apesar da contenção do comunismo ser o principal objectivo do Plano Marshall, os EUA nunca o admitiam e reforçavam a ideia de que este plano era apenas para ajudar a Europa. Isto pode ver-se no discurso de G. Marshall, em Harvard, a 5 de Junho de 1947: "A nossa política não se dirige contra nenhum país ou doutrina, mas contra a fome, a pobreza, o desespero e o caos"


















 
Politica de alianças dos Estados Unidos:
 
Em termos político-militares, a aliança entre a Europa Ocidental e os EUA oficializou-se em 1949. Neste ano, o Tratado do Atlântico Norte pactuado entre os Estados Unidos, Canadá e dez nações europeias deu origem à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN/NATO) - organização militar do pós-guerra que se tornou um símbolo do bloco ocidental.





Neste sentido, os EUA lançaram-se numa “pactomania” que os levou a constituir um vasto leque de alianças um pouco por todo o Mundo.





São exemplos destas alianças multilaterais as seguintes:


- Na Oceânia, a ANZUS (Austrália, Nova Zelândia e Estados Unidos), formada em 1951.


- No Sudeste Asiático, a OTASE (Organização do Tratado da Ásia e do Sudeste) - aliança fundada em 1954 entre a Austrália, os Estados Unidos, a França, a Grã-Bretanha, a Nova Zelândia, o Paquistão, as Filipinas e a Tailândia. Foi extinta em 1977.


- No Médio Oriente, a CENTO (Organização do Tratado Central) - aliança fundada em 1955 pelo Irão, Iraque, Paquistão, Turquia e Reino Unido. Foi desfeita em 1976.




Assim, em 1959, ¾ do Mundo alinhavam pelo bloco americano.


O "cerco americano" visto pelos soviéticos, no início dos anos 60 

 






 
A política económica e social das democracias ocidentais:



Com o fim da 2ª Guerra Mundial, o conceito de democracia adquiriu, no Ocidente, um novo significado. A juntar às liberdades individuais, ao sufrágio universal e ao multipartidarismo o regime democrático deveria também assegurar o bem-estar dos cidadãos e a justiça social.


O descalabro e a miséria consequentes da Grande Depressão e, posteriormente, do pós-guerra, fizeram sobressair duas forças políticas – social-democracia e democracia cristã – que se encontravam fortemente incutidas de preocupações sociais.


Embora com ideologias diferentes, sociais-democratas e democratas-cristãos saíram da guerra prestigiados, uma vez que haviam lutado contra os regimes autoritários vencidos e se apresentavam como uma alternativa aos antigos partidos liberais (agarrados ao capitalismo desmedido e anárquico responsável pela recessão económica dos anos 30).


Os partidos da social-democracia conjugam a defesa do pluralismo democrático e dos princípios da livre - concorrência económica com o intervencionismo do Estado, cujo objectivo é o de regular a economia e promover o bem-estar dos cidadãos.

Cartaz social-democrata alemão de 1932, prega o voto contra monárquicos, nazis e comunistas





A democracia cristã, originária na doutrina social da Igreja, condenava o capitalismo (que considerava responsável por todos os problemas sociais), atribuindo igualmente aos estados a missão de zelar pelo bem comum.


O objectivo da democracia cristã é suprir o laicismo demoliberal, incutindo valores tradicionalmente cristãos no regime, através de uma participação mais activa dos fiéis cristãos na vida política. Além disso, pretendia introduzir o humanismo nos regimes, através de justiça e ajuda social para os menos afortunados.

Cartaz do partido democrata cristão




Assim, sociais-democratas e democratas-cristaos concentram-se no mesmo propósito de promover reformas económicas e sociais profundas. Na Europa, os governos lançaram-se num vasto programa de nacionalizações. O Estado tornou-se, deste modo, o principal agente económico do país, regulando a economia, garantindo o emprego e definindo a política salarial.

Ao mesmo tempo, revê-se o sistema de impostos, reforçando-se a progressão das taxas. Este princípio permitiu uma redistribuição equitativa da riqueza nacional, sob a forma de auxílios sociais.










A afirmação do Estado-Providência:




Todas as alterações (acima mencionadas) no sistema democrático do Ocidente deram origem ao Estado-Providência.


Foi com base nos princípios "keynesianos" dos anos 30 que surge o Estado-Providência. Segundo John Keynes, economista do século XX, era importante que o Estado interferisse mais activamente nas actividades económicas do país em questão.




Assim, nos anos 40, baseada nas teorias de Keynes, a Inglaterra torna-se a pioneira na Europa do Estado Providência (Welfare State), que se designa como o Estado do bem-estar, onde cada cidadão tem asseguradas as suas necessidades básicas.






No cartaz à direita, pode ler-se: "Saudações por parte do Estado-Providência".

Este cartaz mostra o contexto em que surge o Estado-Providência (pobreza e miséria). Dirige-se às classes baixas, de onde veio, também, a maior adesão.












As medidas adoptadas em Inglaterra – como o sistema nacional de saúde, assente na gratuitidade dos serviços médicos e extensivo a todos os cidadãos – serviram de modelo à maioria dos países europeus.


Assim, a estruturação do Estado-Providência no resto da Europa procedeu-se através da generalização do sistema de protecção social a toda a população, o que permitiu acautelar situações de desemprego, acidente, velhice e doença e estabelecer prestações de ajuda familiar e outros subsídios aos mais pobres. Além disto, ampliaram-se as responsabilidades do Estado no que diz respeito à habitação, ao ensino e à assistência médica.



Este conjunto de medidas visa um duplo objectivo: reduzir o mal-estar e a miséria social contribuindo para uma distribuição equitativa da riqueza e assegurar uma certa estabilidade à economia, uma vez que não permite descidas brutais da procura (semelhantes às que ocorreram durante a crise dos anos 30).



Por estas razões, o Estado-Providência foi um factor da grande prosperidade económica que o Ocidente viveu nas três décadas que se seguira à 2ª Guerra Mundial.








Nota: o sistema do Estado-Providência, que se baseava na nacionalização dos principais sectores produtivos, enfrentou resistência por parte dos capitalismos liberais, defensores da economia de mercado que se centrava, na sua totalidade, na iniciativa privada. Assim, como era impossível vigorarem os dois sistemas, a economia liberal fez-se recuar perante o Estado-Providência.















A prosperidade económica:

Os governos do pós-guerra assumiram grandes responsabilidades económicas e delinearam planos de desenvolvimento coerentes, que permitiram estabelecer prioridades, rentabilizar a ajuda Marshall e definir directrizes futuras.

 
Evolução nos sectores automóvel, aço e petróleo (1940-1973)
Com isto, o capitalismo (que parecera condenado pela Grande Depressão dos anos 30) atingiu o seu auge. Entre 1945 e 1973, a produção mundial mais do que triplicou e em alguns sectores multiplicou-se por dez.  Este aumento pode ver-se no gráfico à direita, com destaque para os anos de 1953 até 1973, onde se registou o maior crescimento nos sectores automóvel, aço e petróleo.
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Assim, as economias cresceram de forma contínua, sem períodos de crise. Estes cerca de trinta anos de uma prosperidade material sem precedentes denominaram-se de os “Trinta Gloriosos”.













Nos "Trinta Gloriosos", pode-se destacar:


·         A aceleração do progresso tecnológico: abrangendo todos os sectores, as inovações tecnológicas revolucionaram a vida quotidiana e os processos de produção. Foi responsável pelo grande aumento da produtividade.


·         O recurso ao petróleo como principal fonte energética: o carvão é substituído pelo petróleo. O chamado "ouro negro" alimentou a prosperidade económica, permitindo uma revolução nos transportes - melhoria nas redes de distribuição (ferroviária e rodoviária).


·         O aumento da concentração industrial e do número de multinacionais: alargadas a todos os sectores, estas empresas investem grandes quantias na investigação científica, contribuindo para a aceleração do progresso técnico.



   


·         O aumento significativo da população activa: consequência do reforço da mão-de-obra feminina no mercado de trabalho, do baby-boom dos anos 40-60 e da imigração dos trabalhadores. A mão-de-obra tornou-se também mais qualificada, devido ao prolongamento da escolaridade.







O baby-boom foi o aumento brutal do número de jovens ou da natalidade. Para além de alargar o mercado consumidor, obrigou à construção de equipamentos importantes (hospitais, creches, escolas), criando numerosos postos de trabalho.








·         A modernização da agricultura: produtividade aumenta, permitindo aos países desenvolvidos passarem de importadores a exportadores de produtos alimentares. Renovada por grandes investimentos, nova tecnologia e uma mentalidade empresarial, a agricultura liberta grandes quantidades de mão-de-obra, que migra para os centros urbanos. Este êxodo rural contribuiu para alterar a relação entre os três sectores de actividade:  os agricultores saíam dos campos (diminuição do sector primário) e vinham para as cidades, onde, juntamente com aqueles que já habitavam as cidades, ocupavam os cargos do sector terciário (aumento do sector terciário). Apesar de contribuir para o desemprego e para o êxodo rural, a modernização na agricultura também permitirá a sua capitalização (produção para o mercado e maiores investimentos).




·         O crescimento do sector terciário: emprega a maior percentagem de trabalhadores. O número de postos de trabalho neste sector multiplicaram-se devido à expansão dos serviços de telecomunicações, bancos, seguros, publicidades, distribuição de mercadorias, administração de empresas e todos os serviços sociais do Estado-Providência (funcionários públicos). Assim, as classes médias alargam-se, contribuindo para a subida do nível de vida e para o equilíbrio social. O gráfico abaixo da estrutura da população activa mostra exactamente isso: vê-se uma diminuição brutal do sector primário e um aumento significativo do sector terciário, dos anos de 1940 até 1970. No segundo gráfico, pode-se ver que isto se verificou em vários países (Estados Unidos, Alemanha, França e Reino Unido), onde se regista uma diminuição dos sectores primário e secundário e um aumento brutal do sector terciário.


Estrutura da população activa (1940-1970)


Estrutura da população activa em vários países do bloco capitalista (1957-1973)












A sociedade de consumo:

O efeito mais evidente dos “Trinta Gloriosos” foi a generalização do conforto material. O pleno emprego, os salários altos e a produção maciça de bens a preços acessíveis conduziram à sociedade de consumo. A sociedade de consumo é caracterizada pelo consumo em massa de bens supérfluos, que passam a ser encarados como essenciais à qualidade de vida. No gráfico abaixo, pode ver-se que, apesar dos Estados Unidos continuarem na frente no que diz respeito aos bens de consumo, os outros países da Europa registam um elevado crescimento no consumo, chegando aos 5600 dólares por cabeça, em 1974. No caso dos Estados Unidos, o consumo é ainda maior, chegando aos 9400 dólares por cabeça, em 1974.

Evolução do consumo (1960-1974)





Nesta sociedade de abundância, o cidadão comum é permanentemente estimulado a despender mais do que o necessário. São exemplos os grandes espaços comerciais que se multiplicavam cada vez mais e a publicidade que apresenta ao consumidor todo o tipo de produtos ao qual estes podem agora aceder através das vendas a crédito.




No gráfico acima, podemos assistir a outro grande crescimento dos bens supérfluos, na França. Registam-se aumentos bastante elevados, dos anos de 1954 até 1975. O caso mais evidente é o do televisor, em que, em 1954, apenas 0,8% das famílias tinham acesso a ele; em 1975, esta situação altera-se completamente e 86,8% das famílias passam a ter acesso a este.



Assim, o consumismo instalou-se duradouramente e tornou-se o emblema das economias capitalistas da segunda metade do século XX.













Bibliografia:

Manual "O Tempo da História" 2ª Parte - História A 12ºano


Webgrafia:

http://www.slideshare.net/luannycas/guerra-fria-o-mundo-capitalista

http://www.notapositiva.com/pt/trbestbs/historia/12mundocapitalista.htm

https://www.google.com/imghp?hl=pt-PT&tab=wi

http://eurovoc.europa.eu/drupal/?

q=it/request&view=pt&termuri=http://eurovoc.europa.eu/349777&language=pt

http://pt.wikipedia.org/wiki/Organiza%C3%A7%C3%A3o_do_Tratado_Central

http://pt.wikipedia.org/wiki/ANZUS

http://tempo-da-historia.blogspot.com/2010/03/afirmacao-do-estado-providencia-no.html






                                                                                                                         Trabalho realizado por:

                                                                                                                           Bruna Silva, 12ºJ, nº9





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